O TEMPO –

Escreveu o poeta Mário Quintana “O tempo não pode ser segurado, a vida é uma tarefa a ser feita que que lavamos para casa. ”

Ontem era menino na Rua Seridó em Natal. Eu, meu irmão José Maria, brincávamos de puxar carrinhos de plásticos, de “carrinho de cocão”, de tica, esconde esconde, andávamos de velocípede, subíamos na cajazeira, passeávamos na casa dos meus avós, íamos para o parque infantil na Praça Pedro Velho, comprar confeito no Armazém Petrópolis, ir no taxi do Sr. Manoel Henrique ou de Sr. Chico Lafayete para a casa da vovó Alta (que era bem baixinha), brincar na Praça Pedro Velho, tudo brincadeira de criança com menos de dez anos. Foi nessa época que conhecemos uma linda garotinha, que mais tarde foi Miss Rio Grande do Norte. Mais que ligeiro, a Rua Seridó, sai de minhas tarefas e entra a Rua Mossoró onde fiquei até a fase adulta dos dez anos até os vinte e três.

Mas, a Rua Seridó permanece comigo, estudei o ginásio no colégio 7 de Setembro, onde fiz o curso ginasial e completando o ginásio e o cientifico no Atheneu. Foi a época que despertei para a vida, sair sozinho ou com amigos, brincadeiras pelas ruas, quase todas sem calçamento, ir à praia nos domingos ou nos meses de férias diariamente, pegar o carro de papai nos domingos à tarde, sentar no poste da Av. Deodoro, para ver a passagem das moças que saiam dos colégios e o vento levantar as saias quando elas passavam na esquina com a Rua Cel. Cascudo.

Mas que ligeiro o tempo passou e fui estudar em Recife, tentar o vestibular de engenharia, passei em Natal e me formei aqui.

Nesta época conheci várias pessoas, onde viraram verdadeiros irmãos, era brincadeiras e farras alegres, e muitas destas ainda são lembradas nos nossos encontros.

A Confeitaria Atheneu, o Bar Dia e Noite, A Palhoça, O Ginásio Silvio Pedrosa, A Tenda do Cigano eram alguns pontos onde eram feitas as nossas reuniões, tinham as famosas “boates” a mais famosa de Maria Boa, conhecida no Brasil e no mundo. Pelas madrugadas fazíamos serenatas para as namoradas, as vezes levanto fora dos pais das garotas. Fazíamos gincanas de automóveis e motocicletas, tinha as matinês nos clubes, América, ABC, ASSEN, Aero Club, Camana.

Cinemas REX, São Pedro, Nordeste, Rio Grande, Poti, Panorama eram os mais famosos, restaurante o Chique Chique era o mais frequentado. Não existiam motéis e a Praia do Forte, e as margens da Estrada de Ponta Negra, eram os lugares mais procurados para os encontros amorosos.

O tempo passou ligeiro, me casei vieram os filhos, estão todos adultos, vieram os netos, hoje todos adultos, os amigos alguns estão mortos, outros não moram mais em Natal, a alegria que vivia em mm passa a mostrar sinais de tristeza, o tempo não espera, os sonhos são poucos, a inércia quer tomar grande parte do tempo.

 

 

 

 

 

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

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