O PLANETA HIPER, SUPER, MEGA DOCUMENTADO –

Acordo cedo e cheio de disposição e, após café fumegado e tomado, pneu da moto calibrado, parto para Ponta Negra. E já ao começar a caminhar, começo a ver turistas fotografando tudo pela frente, com as moçoilas apontando para si os smartphones e disparando clicks em posições com pezinho a frente, movimentos faciais protuberantes e ensaios posicionais variados, sempre em busca do melhor ângulo e do perfeito registro.

Ao observar tantas fotos lembrei da Copa. Nas entrevistas centenas de repórteres não deixando passar nem vírgula e nem beicinhos nas derrotas, ou gestos políticos nas vitórias.
Na torcida, a foto da Arena mostra que praticamente todos os assistentes estão com aparelhos nas mãos. Alguns vêem mais os lances através de suas câmeras que ao vivo mesmo.

Eis o mundo atual, mais registrado impossível. Mais fotografado não tem como, mais escrito, documentado, eternizado, não pode.
Se cada coisa do passado longínquo nos causa admiração e um olhar curioso, quem nos descobrir num possível futuro sem nós, em hipotética hecatombe da raça, não terá dificuldade de saber quem éramos, que fazíamos, onde andamos, comemos, amamos e jogamos.

Creio que não existe uma barata no planeta sem fotografia, um sapo cururu anônimo e cada ser humano deve ter no mínimo uma tonelada de megabits de movimentos pessoais, com algumas exceções.

Não é uma crítica, apenas observação do escriba, que também documenta o cotidiano e eterniza os passos em fatos e fotos.
Na caminhada de volta, uma reflexão dentro da reflexão. Vivemos num país diverso, temos pobres, medianos cidadãos em todos os sentidos e os chamados tops de grana, conhecimento ou bem aventurança.

Temos do esmolé ao sábio guru. Do da Forbes aos catadores de caranguejos, possibilitando um registro rico para quem aprecia essa ocupação.
O Brasil é colorido, variado, em poucos metros todas as cores, tipos, etnias, raças, religiões, numa diversidade sensacional. Caso um dia desapareçamos, basta um ET baixar no Brasil e no fóssil eletrônico de nossa memória, a perfeita representação terrestre em verde e amarelo, azul e branco, vai estar a disposição.

 

Flávio Rezende – Jornalista 
As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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