O NATIVO DIGITAL – 

Trata-se de uma geração absolutamente diferente. Também chamada de Geração Z e de mileniais. É pessoa nascida a partir de 1980 e que viveu e conviveu num mundo virtual.

Educadores, psicólogos, administradores e neurocientistas estudam e divergem de sua caracterização, do seu destino, que, de certa forma, envolve o futuro de toda a humanidade.

Um dos mais completos ensaios científicos sobre o tema é intitulado “A Fábrica de Cretinos Digitais: os perigos das telas para nossas crianças”, de autoria do neurocientista francês Michel Desmurget. Concomitante ao lamento do abandono do livro como instrumento de ensino e aprendizagem, o autor comprova a experiência desassossegadora. Tem prejudicado o próprio desenvolvimento biológico. Além do sedentarismo causador da obesidade. O “native digital” perde a capacidade de reflexão, de completude, de sedimentação do conhecimento. E tem mesmo o QI diminuído. São os mestres do zapping, da rapidez, do superficial, da baixa cultura.

Esta nova versão humana não tem raciocínio dedutivo. Tudo nela é intuitivo, de nada adianta a transmissão pedagógica para que raciocine. A sua preocupação é unicamente dominar as novas tecnologias. Para ela a própria escola é irrelevante.

Os professores pré-digitais, categoria em que me incluo, fazem parte de um sistema educacional não mais operante. Procuram entender e valorizar as mais variadas tecnologias. Muitas até já tentam aplicar a inteligência artificial ChatGPT para que adquiram habilidades sócio formativas.

É verdade que nem tudo é negativo na prática desses nativos. As novas tecnologias e a internet fornecem imediatas informações relativas ao que se procura, ainda que nem sempre verdadeiras. A internet possibilita as fake news e sobre elas os legisladores procuram coibir, ainda que   com um grave prejuízo, do direito de expressão. O cyber bulling tem criado vítimas indefesas. O criminoso, às vezes pedófilo, vingativo ou por profunda maldade, acoberta-se no anonimato.

Vários setores da administração e atividade humana têm tirado conclusões negativas sobre os mileniais. Recentemente, o Pentágono dos Estados Unidos da América afirmou que 77% dos jovens norte-americanos não podem servir às Forças Armadas porque são obesos, doentes mentais ou viciados em drogas.

Os nativos digitais não têm tempo para nada. Nem para dormir direito. Tem sonhos povoados de dispersão, como se eles próprios fizessem parte do universo do computador. Não há castigo maior para eles do que a privação dos videogames quando infantilizados, do smartfone ou do tablet, quando da maioridade. Muitas árvores são salvas porque a digitalização da vida fez desaparecer o papel.

O sentido da existência da Geração Z é a participação coletiva nas maquininhas informativas. A ausência das relações interfamiliares, o desprezo pela atividade das outras gerações. Nem mesmo acreditam na importância de buscar a felicidade.

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

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