O HUMOR DE ZÉ AREIA –

Muitos presenciaram, muitos escreveram, muitos pesquisaram e contaram histórias e causos sobre os antigos carnavais de nossa querida Natal. Assim, e por isso, vou reportar minhas ricas e inesquecíveis lembranças desses períodos momescos.

Foram momentos ímpares, com desfiles de blocos (agremiações carnavalescas) pelas principais avenidas da cidade: Deodoro, João Pessoa e Rio Branco. A presença diária do movimentado e concorrido corso na Avenida Deodoro, com suas calçadas repletas de expectadores sentados confortavelmente em suas cadeiras.

Além do belo visual do desfile dos blocos tradicionais, vibrávamos com a passagem das agremiações representativas das tribos de índios. Era de uma originalidade tamanha, de fazer correr a criançada com medo de receber flechadas. A mais famosa era a Tribo Guarani, do bairro do Alecrim, com o seu famoso cacique Bum-Bum, abrindo alas com o seu grito de guerra e o inseparável cachimbo, soltando suas longas e duradouras baforadas (com fumo legal!).

Tudo era muito original e criativo. O povo prestigiava e se empolgava durante os três dias do festejo carnavalesco. Faltava chão nos corredores da folia. Para os blocos de rua, o destaque ficava para o “Deliciosos da Folia”, que “sobrava” na avenida, com muita organização, originalidade, muita disciplina; belas fantasias, empolgante e rico carro alegórico, deixando em êxtase seus admiradores e todos aqueles presentes na avenida.

Ainda hoje, guardo a grata lembrança desses acontecimentos que a mente tão bem armazenou e arquivou. Hoje, tudo mudou. O mundo mudou, o Carnaval também; perdemos por completo aquelas belas e originais imagens que tanto nos empolgavam e nos deixavam felizes.

Que voltem os vibrantes, alegres e originais carnavais do passado, com seus blocos de rua, com a presença de foliões que façam lembrar, que revivam o inesquecível, o irreverente e o inimitável folião “Zé Areia” com sua originalidade, seu figurino, o seu super refinado humor; o homem que rejeitou o bom e rentável ofício do seu grande amigo, o Presidente da República, João Café Filho, de ser seringueiro, alegando que não sabia e nunca teve a intenção, nem vontade de “tirar leite de pau”.

Certa vez, na tranquilamente do seu cotidiano, lendo jornal, passa um gozador e diz: Zé, tá de cabeça pra baixo! Ele responde em cima da bucha: e mole!

 

 

 

 

Berilo de Castro – Médico e Escritor

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