MARCELO QUEIROZ

Marcelo Queiroz

O IBGE divulgou recentemente os dados das vendas do Comércio Varejista em todo o país relativas ao mês de dezembro de 2015 e, por consequência, o balanço de todo o ano passado. Os números são extremamente preocupantes. Em resumo, as vendas no Rio Grande do Norte despencaram incríveis 14% em dezembro de 2015, o que gerou um acumulado no ano de 5,9% de queda, sempre no comparativo com igual período de 2014. Foi a primeira retração anual de nossas vendas da série histórica do IBGE, iniciada em 2005. Foi, também, a maior retração para um mês de dezembro desta mesma série histórica.

Não obstante o fato de que a Fecomércio RN já vinha alertando para este cenário como bastante provável ao fecharmos os números de 2015, são dados preocupantes. E eles chegam a ser alarmantes, quando passamos a dissecá-los. Senão, vejamos:

– Entre os segmentos do comércio que mais perderam vendas, destaque para Veículos e Peças para Automóveis (-17,8%), Móveis e Eletrodomésticos (-14%), Materiais de Construção (-8,4%) e Supermercados (-2,5%). Estão na lista, como se pode ver, setores que são extremamente dependentes do crédito, que, como sabemos, anda caro e escasso no país;

– Mas, também, aparece com destaque – sobretudo pelo peso individual que o setor tem na composição da taxa global do varejo – o setor de Supermercados, um dos expoentes dos chamados itens essenciais. Podemos citar ainda nesta mesma leva, os desempenhos dos setores de Tecidos, Vestuário e Calçados (-8,7%) e Combustíveis e Lubrificantes (-6,2%).

Quero crer que a mensagem dos números está clara: o poder de compra do consumidor se exauriu assustadoramente. Está próximo do total esgotamento. E a que devemos isso? A um conjunto de fatores nos quais se inserem pontos, como aumento de inflação, aumento de tarifas públicas, maior endividamento das famílias e a escalada do desemprego.

São causas e efeitos que precisam acender luzes vermelhas nos poderes públicos. O setor de Comércio e Serviços tem se reinventado diariamente, cortado custos, margens, tirado na carne, revendo seus processos. Mas já passou da hora de os governos, em todas as suas esferas, adotarem medidas de racionalização dos gastos e otimização das receitas públicas, além de estímulo ao nosso setor, cuja importância para o Brasil e para o RN em particular, é capital.

E basta vermos o impacto que o bom momento vivido pelo turismo potiguar teve para evitar um tombo ainda maior em nossas vendas, para termos certeza da pronta resposta do setor de Comércio e Serviços a estes estímulos (no caso do turismo, loas à desoneração do ICMS sobre o querosene de aviação, promovida pelo Governo do RN no início de 2014).

Criar mecanismos de incentivo e de redução do pesado fardo tributário – e não o contrário, como vem sendo feito – e retomar investimentos que irriguem a economia são questões devem entrar urgentemente na “Ordem do Dia” dos governantes. O caminho para sairmos da turbulência é sabido. Só precisamos saber se haverá coragem e vontade política para trilhá-lo.

Marcelo Queiroz Presidente da Fecomércio

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