RINALDO BARROS

 (*) Rinaldo Barros

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”. (Chico Xavier)

A dialética nos ensina que o novo nasce dentro do velho. No atual cenário político do patropi, estamos assistindo a uma situação muito interessante.

No plano nacional, a situação está se complicando rapidamente para a presidente Dilma, para o PT governo. No fundo, tudo se passa como se o PT não governasse o país, talvez nunca tenha mesmo sido governo de fato, tudo se passa como se o PT – vergonhosamente – apenas vivenciasse o papel de preposto dos verdadeiros donos do poder. Há um vácuo de liderança.

Pior, aos poucos, iludido e deslumbrado pelo Poder e iludindo o povão menos informado, afundou-se na lama da corrupção (sistêmica, usada com método); e sobrevive expondo seus últimos estertores, como um doente terminal, levando angústia, dor e sofrimento ao conjunto do povo brasileiro.

É preciso compreender que o sofrimento do nosso povo é grande demais para que ainda exista discernimento entre o que seja esquerda e direita. Do ponto de vista dos oprimidos de todos os matizes, os partidos são iguais. Os marginalizados, desdentados e famintos – e os jovens em geral – não têm condições de perceber as nuanças das colorações partidárias; buscam tão somente sobreviver.

Aqui no patropi, estamos vivenciando uma situação muito próxima do limite da convulsão social. O “apartheid” social é uma realidade muito forte, principalmente para quem não tem perspectivas sequer de saber se vai almoçar amanhã. Não dá para sonhar que esta massa de famélicos vai exercer sua cidadania e distinguir, nas próximas eleições, quem é de esquerda e quem é de direita, qual o partido que tem programa e ideologia, e qual é pragmático ou clientelista.

Programa de Governo, quem o lê? Quantos eleitores votam após lerem o Programa de Governo de algum Partido? Nossa cultura é a da preguiça mental e do “jeitinho” para levar vantagem em tudo, reforçada diariamente pela grande mídia; e que reproduz a máxima de que “cada povo tem o governo que merece”.

É pena que Lula tenha se despido das vestes de estadista – que chegou a envergar, no seu primeiro mandato – para mostrar a face de exclusiva ambição pelo poder a qualquer preço, apequenou-se, transformando-se em lobista de empreiteiras; tornou-se especialista em tisnar a Lei e a Verdade.

Por seu lado, o Poder Executivo atual, gastador confesso e populista – continua utilizando-se das medidas provisórias (que só foram colocadas no texto constitucional porque a Constituição de 1988 deveria ser para uma República Parlamentar de Governo) – tornando-se, a rigor, um legislador incompetente; que gastou mais do que arrecadou, e quebrou o Brasil.

Dilma não lidera, nem o Congresso Nacional, nem os ministros do seu próprio governo.

Não tem mais condições de continuar presidente da República. Temos, portanto, um Brasil curioso.

O Poder Executivo assumiu funções legislativas, por meio das medidas provisórias. O Poder Legislativo, diminuído em suas funções, por meio das CPIs transformou-se em Poder Judiciário. E o Poder Judiciário assume, mais e mais, à luz da estranha concepção do Neoconstitucionalismo, a função de legislador.

É, neste País de contradições e de preconceitos às avessas, que os privilégios estão a refletir discriminações contra a grande maioria dos cidadãos comuns. Dessa forma, a juventude que busca alternativas para o futuro, não encontra nos líderes atuais, um modelo paradigmático a ser seguido.

Nossa esperança reside na Educação e no Trabalho daqueles que ainda estão dispostos a tentar influenciar as futuras gerações com ideias não contaminadas, sabendo que não se cria uma grande nação com ódio e preconceitos, favorecendo grupos contrários ao Estado de Direito, ou beneficiando aqueles que se enquistam no poder, não para servir à sociedade, mas para dela se servir.

Resumo da ópera: a alternância de Poder, que era um assunto que estava anos-luz da realidade política brasileira, agora, está na Ordem do Dia. Será a vez do Parlamentarismo?

Essa alternância, por meio de mecanismos legais, é importante para o fortalecimento da Democracia.

A palavra mágica, a luz, para sair da crise atual é “Pacto”.

A saída para a crise (econômica, política e ética) é um novo pacto entre todas as forças vivas da sociedade civil e do Estado; para construção de uma nova Hegemonia pós-PT, com alternância real de Poder.

Afinal, como dizem os chineses, “o rio só alcança o mar porque aprendeu a contornar obstáculos”.

Sem dúvida, é o novo nascendo dentro do velho.

 (*) Rinaldo Barros é Escritor e Professor[email protected]

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