NOSTALGIA –

Depois de um longo tempo sem ir a praia de Jenipabu, atendendo a convite de um amigo fraternal, retornei tentando resgatar imagens e saudades minhas de um lugar lúdico que trago na memória do bem querer. Qual não foi minha surpresa ao constatar que aquela Genipabu amada não existe mais, se perdeu ao longo do tempo e pra força dessa coisa amorfa chamada Trade turístico.

Durante o trajeto passei em frente a casas de amigos,antes aberta e com varandas convidativas, hoje gradeadas ,com portões enormes e feios que mais parecem uma prisão .

Ao chegar na praia procurando estacionar, um garoto grita: aqui, nesse estacionamento!; outro chega correndo e dizendo aí não! O meu preço é mais barato e ainda tem desconto na barraca da praia que é do meu patrão.
Em meio a essa disputa tento chegar até o mar, antes dirijo-me ao aconchegante e saudoso Bar do Pedro,para minha surpresa sou encarado logo na calçada por feios manequins, mal vestidos com roupas chifrins e duvidosas procedências. Cadê o bar, as pessoas conhecidas em alegres algazarras ocupando cada canto daquele saudoso recanto?

Finalmente,consigo chegar até a barraca que meu amigo costuma frequentar, o dono com cara de quem toma uma e mais algumas vai fazendo a honra da casa e de pronto informando que não tem cachaça, só aguardente, daquela que mata o guarda e os vigias também…mas,num gesto de delicadeza -me cativou e fidelizou como cliente-se dispôs a comprar num mercadinho a cachaça que minha esposa queria na caipirinha. Minha esposa apesar de ser Carioca, parece que virou sertaneja e Caicoense (eita povo bairrista kkkl),pois faz questão de beber aquela cachaça Samanaú produzida por Vidalvo Costa, cachaceiro de primeira linha e não muito bom de voto ,na minha modesta opinião…
Na barraca vou me inteirando das notícias ligadas a Genipabu e que não soam muito bem aos meus ouvidos: a Lagoa foi privatizada ,nada de banho grátis para tirar o sal do mar. A beira mar está suja, barracas imundas, sem estrutura alguma,gente nos enchendo o saco e torrando a paciência, vendendo de tudo e mais um pouco,topou!

Resolvo dá uma caminhada em direção ao ainda lindo morro e para minha surpresa avisto um dromedário, que bicho feio, vindo da África, cagando nossas dunas em detrimento do nosso jumento ,a essa altura relegado ao ostracismo e a morte,seja de fome ou atropelado nas estradas…

Para não dizer que não falei de flores, aí vai: a água do mar estava divinal, é tudo que nos resta…

“Nada do que posso me alucina
Tanto quanto o que não fiz
Nada que eu quero me suprime
O que não saber ainda não quis “

 

José Alberto Maciel Oliveira – Representante comercial aposentado
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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