NOITE NO IATE –

Agradável e memorável nossa reunião no Iate Clube, no dia 10, última sexta-feira. Entrega de medalhas à vários homenageados, a cuja solenidade fui convidado pelo presidente do Conselho Deliberativo, Pedro Siqueira, e pelo Comodoro, Kaleb Campos Freire. Ambos vêm fazendo uma ótima administração. Nessa ocasião, iam aproveitar o momento para inaugurar um espaço dedicada à “Memória do Clube”, com fotografias, documentos e peças, que mostram os momentos mais importantes da história do clube.

​​O Iate teve onze fundadores originais: Fernando Gomes Pedroza, Aurino Suassuna, Ulyses Cavalcanti, João Cadmo Cavalcanti, Jaecy Emerenciano Galvão, Clemente Galvão Neto, Pedro Lopes, Antônio da Silva Dantas, Solon Galvão Filho, Ari Alecrim Pacheco e Dalton Melo de Andrade. Como único sobrevivente do grupo, queriam que estivesse presente e lembrasse o dia em que decidimos fundar o Iate Clube de Natal, o que fiz com muito prazer.

​​A reunião que criou o Iate deu-se na residência de Aurino Suassuna. Fiz questão de salientar que o grande líder, incentivador e a alma dessa decisão foi Fernando. Chego mesmo a afirmar que tenho minhas dúvidas se, sem sua liderança constante e incansável, teríamos surgido. Essa afirmação não desmerece a participação dos demais, mas o seu trabalho, permanente e incansável, foi essencial. Todos, sem exceção, se dedicaram ao clube de corpo e alma. Em 31 de Março de 1955 aprovamos o primeiro estatuto do Clube. Em dois anos, completaremos 70 anos.

​​Não posso dizer que não tivemos dificuldade. Nosso maior problema foi a consolidação de nossa localização. Começamos com dois galpões na Rampa, que nos foram cedidos à título precário e vivemos alguns momentos de ansiedade, quando a burocracia estatal procurou nos expulsar da área. Felizmente, lutamos muito para manutenção da ocupação e finalmente consolidamos nosso direito. Hoje, podemos afirmar que o Iate é o melhor clube de Natal, pois, infelizmente, os demais não mais se destacam.

​​Nas minhas breves palavras, fiz questão de salientar alguns episódios ao longo do tempo. Fomos sede de vários campeonatos de vela, em especial de “snipes”, pois foi da nossa flotilha que se originou a Iate, e participamos de vários campeonatos em todo o Nordeste. Eu mesmo participei de alguns desses campeonatos.

​​Frequentei o clube praticamente todos os finais de semana até 1970. Os outros fundadores também foram assíduos frequentadores. Nunca fui um grande velejador, embora persistente. Há vários episódios de que me lembro, e que são motivos de muita conversa. Dois episódios lembro agora, rapidamente.

​​No início de nossas atividades náuticas, equipamentos eram difíceis e caros. As velas eram artigos de luxo. Encontrei em algum lugar a propaganda de uma vela famosa para snipes, de uma firma de Nova York. Resolvi escrever pedindo uma vela, como propaganda. Mandei fotos minhas e do barco, descrição das minhas atividades e comentários de algumas regatas locais e campeonatos brasileiros de que havia participado. Para minha surpresa, agradeceram meus comentários e me deram um par de velas. A única exigência era de que mandasse alguém pegar em Nova York. Por sorte, meu amigo Roberto Varela estava em Nova York, falei com ele, foi na fábrica e trouxe a vela. Usei por muito tempo.

​​Um outro momento serviu de muita brincadeira. Nunca esqueci de uma regata difícil, partindo do clube até Igapó e volta. Vendo muito fraco e eu e meu companheiro, Solon, chegamos até a soprar nas velas para andarmos mais rápido. Conseguimos chegar, e todos nos esperavam, fomos recebidos com muitos vivas e palmas, tudo para nos dar um troféu, o que muito nos desvaneceu – um cabo de reboque.

 

 

 

 

Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN, [email protected]

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