NEGREIROS E A PONTE DE IGAPÓ –

O engenheiro Manoel Fernandes de Negreiros Neto preparou uma agradável surpresa para o natalense. Trata-se do livro “A História da Ponte de Igapó”, onde retrata a trajetória, as dificuldades de execução, a metodologia empregada na obra, e a sua determinação e empenho, durante 25 anos, para resgatar a verdade da epopeia que foi a construção da ponte metálica sobre o Rio Potengi, em Natal, entre 1912 e 1916.

No livro ele me concedeu o crédito de o haver influenciado para obter mais informações acerca da ponte ao ler três artigos publicados por mim no Diário de Natal, décadas atrás, quando decretaram a demolição e a venda do aço da velha ponte de Igapó em razão da construção de nova ponte, essa em concreto protendido. Na matéria citada relatei o seguinte:

“A ponte Hercílio Luz (1920), em Florianópolis, e a ponte Florentino Avidos (1924), em Vitória, formam com a Ponte de Igapó (1916), as três mais antigas obras do gênero construídas no Brasil.

Com a diferença que as duas primeiras foram totalmente restauradas, tornaram-se cartões postais, são exploradas turisticamente e orgulham catarinenses e capixabas; enquanto a velha ponte de Igapó, subtraída em 200 metros, sem qualquer tratamento ou conservação, teima em compor um cenário à parte que encanta e entristece a tantos que atravessam o Potengi e vislumbram os restos imponentes da melhor engenharia praticada no início do século XX”.

Na época do desmonte inconcebível nenhum historiador, memorialista, museólogo ou instituição cultural, absolutamente nenhum, levantou a voz contra o crime histórico anunciado com antecedência suficiente para se agir antes da consumação do fato. Frise-se outro absurdo: a velha ponte metálica não atrapalharia em nada a construção da nova ponte projetada.

Sempre que teço algum comentário sobre essa agressão histórica lembro da atitude isolado do cronista social e imortal da Academia Norte-rio-grandense de Letras, Paulo Macedo. Ele sugeriu que, em vez da demolição, partissem para a exploração turística estacionando no vão central da velha ponte um vagão restaurante de uma composição ferroviária para servir pratos típicos da culinária estadual.

Aquele meu grito de revolta emitido em 2000, finalmente, encontrou eco e justo resgate no memorial que é o livro de Manoel Negreiros Neto, simplificado no Prefácio de Vicente Serejo:

“A leitura da História da Ponte de Igapó é um belo, longo e rico caminho feito de muitas descobertas. Do que estava perto dos olhos e das mãos e do escondido em velho arquivos, documentos e jornais; e do que estava longe, que só o encantamento do historiador seria capaz de alcançar. E tudo para levantar dos arquivos vivos e mortos uma história que ninguém tivera a ousadia contar. Um sonho impossível realizado pela magia da curiosidade humana quando transpõe os limites do apenas real”.

O lançamento da “obra de arte” de Manoel Negreiros será no próximo dia 14 de julho, das 17h às 22h, no Iate Clube de Natal, situado na Rua Coronel Flaminio, s/nº, Rocas, seguido de coquetel. Vale a pena conferir!

 

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa é engenheiro civil

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