AB adauto

Radicalizei.

Falar de esquerda ou direita é idiopatia. O Brasil é ambidestro.

Não tem esquerda, nem direita. Os nossos homens públicos se servem, com a mesma habilidade ou destreza, das duas mãos ou argumentam tanto de maneira favorável quanto de maneira contrária, ao livre arbítrio dos interesses pessoais ou corporativos. Não tem nem jogadores de futebol que chutem com as duas pernas, aliás, não temos nem jogadores que chutem.

Decidi por ler as reportagens publicadas nos diversos meios de comunicação, também ambidestros, nas entre linhas. Os nossos homens públicos falam tanto e tanta besteira que em minutos de entrevistas de contradizem.

“O PMDB cansou de levar fama sem proveito: o partido até indicar ministros, mas não manda. Quem manda é o Secretário Executivo do PT indicado pelo PT. O governo Dilma segue o modelo Lula. O ministro é do PMDB, mas não manda, tampouco os presidentes de estatais indicados pelo partido (Tribuna do Norte, Coluna Cláudio Humberto, edição 24.03.2015)”.

Voltamos à era do dono da bola. Aquele jogador tão bola murcha que aceitava ficava em campo por que era o dono da bola. Então uma pergunta se faz pressuposto. E o petróleo? O dono da bola não sabia, nem pelas resenhas dos fofoqueiros de plantão?

É realmente um novo jeito de governar. Indica os auxiliares, para compor a panorâmica foto com 39 ministros e fazer o papel de bobo da corte e na hora do pega prá capar, os mandatários nunca sabem de nada? O petrolão tem uma característica interessante. A presidente foi autoridade em todo o contexto em que se insere o petróleo, é do PT e, mesmo assim, não sabia de nada. Bilhões rondando os confortáveis gabinetes e os mandatários não sabiam de nada?

Até 60 % do povo brasileiro, com sua estupidez e inconsciência social e política (eu incluso), em recente pesquisa (contratada por quem não sei e pago com qual caixa também) acha que os líderes sabiam de tudo e, no campo dos formalismos e protocolos, ninguém se convenceu?

O povo. Ah, o povo! Fogo de palha. Fica todo mundo em silêncio, muda o foco das discussões para a tragédia das enchentes ou das secas, o que der mais ibope e logo tudo muda. Quem sabe até uma beatificação.

O petróleo veio para mostrar aos cegos de conveniência os rastros de sapatos italianos manchando de petróleo muitos gabinetes. As delações mostram,   alguns envolvidos devolveram o dinheiro que receberam de propina, outros declararam que receberam, quase todos disseram que era parte para o caixa do PT, inclusive nas últimas eleições e nada? Uma eleição financiada com dinheiro das lixeiras da Petrobrás atendem a legalidade das rígidas normas eleitorais?

Sim? Não?

Eu não conheço o direito além do direito. Então expliquem por que alguns permanecem ainda presos? Outros devolveram o dinheiro e o governo até comemorou (tolinhos)? E nada?. Ninguém, ouviu, viu ou fofocou?

Pense num sistema eficiente de informações.

Não escorrega nem boato de adultério, ou será que pretendem ser os últimos a saber?

Tentando aprender com o mestre Oto Lara Rezende, o poeta sem alma, imortal, releio, com incredulidade em relação aos fatos, uma de suas muitas citações cortantes, que abraço e punhalada a gente só dá a quem está perto. E, para não me alongar, uma velha máxima: só existem dois remédios para a culpa. O reconhecimento pelo culpado ou o claro olhar dos que julgam. Sinceramente, estou com medo até de abastecer o meu carro. Não uso a rede Petrobrás. De repente, não mais que de repente, surge um cheque circulando feito mariposa em busca de uma lâmpada, de um culpado…

Fui!

Adauto José de Carvalho Filho, ARFRB aposentado, Pedagogo, Contador, Bacharel em Direito, Consultor de Empresas, Escritor e Poeta).

 

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