NÃO MORRA PELA BOCA –

Uma vez ou outra vem à baila a história de que o ser humano, tal qual o peixe, morre pela boca. O peixe pela ânsia de abocanhar o alimento sem atentar para o anzol e, o humano, pela maneira errada de suprir a fome com a ingestão de alimentos contraindicados para o bom funcionamento de sua máquina da vida. Abordo este assunto em razão de insinuação de João Gurgel, um colega engenheiro, ao enviar interessante matéria publicada n’O Globo, denominada “Toda doença começa no intestino”. Em resumo, o texto discorre acerca da existência de bactérias que habitam no corpo humano, as quais são classificadas como bactérias do bem e bactérias do mal.

As bactérias do bem produzem substâncias importantes para a digestão absorvendo nutrientes que permitem o bom funcionamento do organismo, enquanto as do mal causam doenças. Nossa saúde depende do equilíbrio entre esses dois polos. Quando acontece o excesso de bactérias do mal dá-se o nome de disbiose. Uma alimentação baseada em frutas, legumes, hortaliças, raízes, grãos integrais e sementes estimula o crescimento das bactérias do bem. Ao passo que a alimentação que privilegia açúcar, doces, sorvetes, gordura saturada e excesso de proteína animal privilegia as do mal.

Doenças relacionadas à disbiose são: inflamação crônica, síndrome metabólica, infecções de repetição (sinusite, infecção urinária, candidíase, cistite), obesidade, diabetes, alergias, depressão, ansiedade, doenças autoimunes, doenças cardíacas e no fígado, e por aí vai abrangendo quase todos os males que nos afligem. Em outras palavras: a nossa boa saúde depende da forma que nos alimentamos. Realmente, nos acostumamos a minimizar os sintomas de grande maioria de nossos males com medicamentos, quando as causas poderiam ser sanadas em definitivo com alimentação saudável.

Vi recentemente o exemplo de um cidadão com mais de 180 kg, que se propôs perder peso com alimentação balanceada e exercícios contínuos, logicamente com acompanhamento especializado. Ao final de um ano e alguns meses alcançou os 90 kg e se inscreveu para a maratona Ironman – 1,9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21,1 km de corrida -, foi o último a chegar após as 27 horas da competição. Chorou ao concluir a prova, segundo ele: “este foi o maior desafio de minha vida”. Pudera!

Hipócrates, que faleceu a 377 a. C. aos 83 anos de idade, considerado o pai da Medicina, afirmou: “Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio!”

O veganismo – a não ingestão de carnes – e o crudivorismo – ingestão de alimentos crus -, nunca estiveram tão em voga como em nossos dias. A maneira incorreta de se adequar a tais dietas é onde reside o problema. Não à toa nos depararmos com indivíduos de extrema magreza e aspectos fantasmagóricos, circulando tais quais mortos-vivos em razão do exagero em tais práticas alimentares.

Cá entre nós, e que me desculpe Hipócrates, nesta altura do campeonato não abdicarei de alimentos assados, cozidos, processados que me tragam sabor e satisfação de viver, tudo comedidamente.

Uma taça de vinho numa noite de Lua, nenhuma dieta vegana ou crudívora poderá substituir. Ainda mais agora, que a Organização Mundial de Saúde (OMS) me classificou como um indivíduo de “Meia Idade” (66 a 79 anos). Tenho dito!

 

 

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil

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