NÃO ERA TROTE? –
Segunda-feira, 18 de outubro de 2021, data em que se comemora o dia do Médico, uma homenagem à São Lucas — “Médico de Homens e de Almas” (Taylor Caldwell, 1958)—, o santo padroeiro da Medicina. É comemorado em alguns países de base cristã, como Itália, Portugal, França, Espanha, Bélgica e Polônia.
Muitas homenagens, muitos gestos de carinho enaltecendo a carreira do profissional Médico; belo dia, bela data, boa lembrança.
Dentre as mensagens recebidas, uma me chamou atenção e estranhamente saiu de rota. Dizia:
— Parabéns, meu amigo, pelo seu dia e continue exercendo esse belo e sacerdotal ofício hipocrático. Aproveito e desde já peço mil desculpas; não por abuso e nem por coincidência da data, mas por azar mesmo; dei uma pulada de cerca e aconteceu uma zebra, um furado castigo: o preservativo rompeu e passou tudo; estou feito louco sem saber o que fazer. Preciso demais da sua santa médica orientação.
— Sim, amigo, para ela, lógico, não é?
— Sim, para ela!
Pensei, a princípio, que tudo não passasse de uma brincadeira, de uma pulha, de uma gozação, em se tratando da data comemorativa e também de uma velha, saudável e divertida amizade. E, assim, entendendo, respondi com a mesma imaginação: atendi o pedido do aflito amigo.
— Tenho, sim, um santo salvador remédio, anote aí, não precisa de receita controlada, cuidado para não errar. Compre com urgência a medicação: CEIFAESPER AR ( Ação rápida), de 20 mg. Mande ela tomar 1 comprimido à noite, por tempo indeterminado, e pronto, nunca mais herança dividida.
Duas semanas depois, o suplicante, bastante aflito, me manda uma mensagem por áudio:
— Amigo, procuramos em todas as farmácias (que não são poucas) e não encontramos a santa medicação. Algumas informaram que tinha acabado; outras que estava em falta, pois é muito procurada e sai muito; teve um vendedor que nos orientou a procurar uma farmácia de manipulação, que com certeza conseguiríamos. Procurada e nada feito.
Percebendo que se tratava de um acontecimento real, e após relatar ao amigo ter entendido como uma suposta brincadeira e com resposta idêntica, demos boas gargalhadas e nos divertimos muito.
Depois das boas risadas pela mensagem não entendida, procurei acalmar o amigo, exímio perfurador de preservativos, que na verdade a medicação prescrita não existia, não passando de uma pegadinha; restando somente agora muitas preces aos deuses da fertilização para que as gametas ejaculadas naquele dia ou noite tenham sido acometidas do mal da preguiça e da lentidão de um funcionário público carioca em voltar em uma segunda-feira ao trabalho após a derrota do Mengão, no Maracanã. Só assim, a gameta flamenguista não teria chegado a tempo e penetrado no alvo desejado. Tudo salvo! Tudo resolvido! Nada de neném!
Berilo de Castro – Médico e Escritor, [email protected]