JOSUÁ COSTA

Carlos Alberto Josuá Costa

Duas situações recentes me inspiraram a refletir sobre “muros”.

A primeira foi uma foto que Gunther Josuá e Viviane Euzébia me enviaram da Alemanha, que mostra um segmento do muro de Berlim, num ângulo que é possível ver de perfil as duas partes da mesma cidade, antes dividida.

A segunda foi vendo na TV, as imagens da enchente do Rio Madeira, em Rio Branco/AC, onde um morador reconstruía parte do muro que fora derrubado pela correnteza.

Como os muros são erguidos?

São erguidos quando perdemos a capacidade de perceber o outro. Quando acreditamos que somos melhores que os outros e, que eles representam uma ameaça ao meu sentimento de individualidade.

Essa separação pode ser física ou emocional. A física é perceptível, com prazo para iniciar e terminar. Podemos assistir tijolo a tijolo, seu erguimento e até interpelar: “- Para que esse muro?”.

Já o emocional, esse sim é difícil acompanhar. Ele vem sendo construído a partir do estoque de emoções negativas que acumulamos na trajetória da vida.

O “proprietário”, muita das vezes, nem percebe que o alicerce já vem recebendo pedras do desamor em sua base. A arrogância, a presunção e a ganância do ser humano são o cimento e as pedras da indiferença, do rancor, do ódio, do egoísmo, da avareza, da falsidade, da preguiça, do desrespeito, e de outras tantas que continuam erguendo muros de separação por toda a parte.

Chega um momento que nos espantamos por tamanho amontoado de pedras sobrepostas, que dificultam o relacionamento em todas as suas espécies.

Somos desafiados constantemente a derrubar novos muros de separação.

Mas como faremos isso? Como derrubaremos os muros externos, se internamente erguemos muros de proteção que nos mantém isolados uns dos outros?

A prescrição espiritual é reencontrar o caminho da humildade. Somos humanos e nada do que é humano nos é indiferente.

Em Efésios (Ef 2.14), Paulo nos alerta que Cristo por meio do sacrifício do seu corpo, derrubou o muro da inimizade e nos trouxe a paz, nos tornando um só povo.

Perdemos a oportunidade, muitas vezes, de olhar nos olhos do outro ou, de dizer palavras edificantes, pelo simples fato de um muro erguido na alma, alimentado pelo orgulho. “- O muro é meu, e pronto!”.

Quantas e quantas vezes, mesmo sabendo da barreira entreposta, ficamos dando acabamento, retocando e pintando esse muro com mais e mais desamor.

Os muros da educação, ou da falta dela, iniciam-se na infância, quando os pais utilizam o “Não” e “Não pode”, sem mostrar os “Sim”. E quando chega a idade do jovem assumir a responsabilidade de seu destino, está impregnado por pedras emocionais que evidenciam fronteiras. O vestir, o falar, o olhar, o exibir, o proceder, e tantas outras atitudes, vão se agregando ao muro psicológico que, sem base, contribui para minar o seu caráter. Mude seu argumento formador utilizando o “positivo” nas atitudes e no ensinar. Esqueça as frases que se iniciam por “Não”. Troque as pedras: “Não vai estudar não?” por “Vamos aprender um pouco mais?”.

Vamos tornar o acesso livre e reencontrar aqueles que isolamos proposital ou inconsciente para longe de nós, sem ao menos esboçar uma leve chance de aproximação. Com a marreta e a talhadeira do perdão e do amor, quebremos o cimento e as pedras da arrogância e da presunção.

Experimente remover as pedras que impedem seu desenvolvimento como pessoa, filha de Deus e irmanada na busca pelo bem comum. Empenhe-se em reforçar o alicerce que sustenta sua disposição de vencer as barreiras da vida.

“Afinal, o muro de separação não priva apenas de quem está do lado de lá, mas quem está do lado de cá também”.

-Ajude aqui Lucas: vamos tirar essa pedra do caminho para que ninguém tropece nela e ao invés de aproveitá-la em seu crescimento, apenas prefere amaldiçoa-la.

“Puxa vovô como é pesada!”

– Ame sempre que suas forças aumentarão.

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])

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