MULHER, O ROUXINOL QUE CANTA E ENCANTA

Dizem os entendidos, que não fossem as mulheres, o homem ainda estaria agachado em uma caverna comendo carne crua. Ao longo dos tempos, o sexo outrora frágil, tão cantado em prosa e verso, aos poucos vem ocupando lugar de destaque no estabelecimento de uma sociedade tão forte quanto honrada, tão coerente quanto sensata.

Mas é com uma profunda dor no coração que tomamos conhecimento do sofrimento das mulheres, que por natureza simbolizam a pureza de uma mãe, a doçura de uma avó, a importância como pessoa.

A história está repleta de exemplos do verdadeiro amor de um homem por uma mulher. Dentre muitos, destaca-se Orfeu e Eurídice, ele possuidor de uma lira que tocada por suas mãos revelava canto extremamente primoroso. Ela a esposa perfeita. Esta felicidade, contudo, foi destruída a partir do momento em que a bela companheira foi assediada por Aristeu, que tentando dele fugir, caiu em um ninho de serpentes sendo ali envenenada e morta.

Dias atrás tive a oportunidade de ler o documentário sobre o recém publicado livro da francesa Annick Cojean, intitulado As presas – no harém de Khadaffi, que apresenta subsidiado em fatos reais, o ex-líder líbio morto em 2011, como o maior predador sexual da história.

Neste trabalho, se mostra como, por detrás do manto do poder, o dirigente maior de uma nação, por longos 42 anos, estuprava, principalmente jovens na faixa etária de treze a dezesseis anos.

Era comum, Muammar visitar a título de cortesia, escolas, festas de aniversário ou casamentos. A senha para os seus guardas era um simples toque na cabeça, sinalizando que aquela era a garota desejada. As vezes a própria noiva era a escolhida.

Essas jovens serviam para alimentar a brutalidade sexual do gênio do mal Khadaffi, sempre no interior de sua forteza em Bab Al-Azizia onde as seviciava, obrigando-as a beber, se drogar e assistir filme pornô. O sequestro no subsolo da residência podia durar alguns dias ou ser bem mais longos. Tudo isso em uma terra onde a pressão social e religiosa é muito forte. As mulheres solteiras, não virgens, são para sempre rejeitadas por suas famílias e pela comunidade.

Como Khadaffi, existem muitos, aqui mesmo em nosso Brasil. A imprensa nacional, meses atrás, descreveu em matéria que em São Gabriel da Cachoeira no Amazonas, a exploração sexual ali existente, quando políticos, oficiais do exercito e comerciantes locais, compram a virgindade de uma criança de dez anos, por vinte reais. Enquanto isso, o google mostra a quem interessar possa que Catarina Migliorini, estudante brasileira de Santa Catarina, leiloou a dela por 1,7 milhão de reais, a determinado cidadão japonês chamado Natsu.

Apesar da realidade dos fatos, o fundamental é que o mundo venha aceitar o que um dia Vitor Hugo escreveu: “O homem é a águia que voa; a mulher o rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço e cantar é conquistar a alma. Enfim, o homem está colocado onde termina a terra; a mulher onde começa o céu”.

 

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

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