“MEXERICOS DA CANDINHA” –

O modismo esteve sempre presente na nossa vida. Ele existe nos hábitos de alimentação, modelos de roupas e calçados, cortes e cores de cabelos, móveis e automóveis, e até nos remédios. Também existe nas palavras, gírias e costumes.

Assim como os políticos e o dólar, as palavras tem seus altos e baixos. Hoje, podem valer muito , mas, amanhã, podem valer muito pouco.

A palavra “mexerico”, tão em alta nos anos 60, teve sua baixa e foi substituída por “fofoca”.
Candinha, como era conhecida a maior mexeriqueira da TV e do rádio brasileiros dos anos 60, reinava absoluta do alto de sua caricatura de óculos gatinho, na “Revista do Rádio”. Não tinha concorrente.

Sua coluna, “MEXERICOS DA CANDINHA”, era tão famosa, que mereceu uma música cantada pelo “Rei”, Roberto Carlos, com o mesmo título.

Hoje em dia, os astros e estrelas do círculo dourado da TV estão pouco se lixando para os inúmeros mexericos semanais, que aparecem nas revistas especializadas, que, de certa forma, os mantém na mídia e até os protegem de qualquer escândalo maior.

O troca-troca de maridos e mulheres, na atual sociedade, não causa mais espanto a ninguém, tamanha a mudança dos costumes.

As colunas sociais atuais não mais se preocupam se determinada atriz está de caso com seu galã. Assim que os dois aparecem de mãos dadas na noite, as colunas de mexericos de hoje já se encarregam de chamar o mesmo de “maridão”, não importando se aquele homem ou aquela mulher ainda divide a cama com o “ex” ou a “ex”. Tempos modernos…

Candinha era diferente. Quando dizia que “fulana estava ontem jantando com sicrano”, todos os leitores sabiam qual era a comida. E as fofocas em torno disso proliferavam.

A coluna de mexericos, como a crítica dizia, era um subproduto da TV. O público gostava de descobrir que, por trás daquela carinha de anjo ou do famoso galã, alguma coisa de errado acontecia. Era como se, a cada semana, eles puxassem a máscara de alguém e expusessem sua verdadeira face.

E nesse campo, Candinha foi campeã.

Nos dias atuais, “MEXERICOS DA CANDINHA” deveria ser o nome de certos debates políticos que a mídia nos mostra, principalmente numa certa emissora de TV, com seus comentaristas fanáticos, onde a palavra-chave é o nome do ex-Presidente da República, 24 horas por dia. Sistematicamente, o tema dos debates é a vida do ex-

Presidente e de sua família, numa repetição irritante, que nos faz mudar de canal.

Certa noite, estando eu com insônia, assisti uma dessas reprises costumeiras, e o tema era “o que tinha sido feito de bom pelo novo governo presidencial, nestes primeiros 100 dias de governo”. Gostei da resposta de um dos debatedores do referido canal, quando disse que o novo Presidente não tinha feito, nem poderia fazer nada de bom, enquanto não se esquecesse do ex-Presidente e deixasse de, diariamente, atirar pedras contra ele, procurando injuriá-lo, difamá-lo e caluniá-lo, cada vez mais. E que isso só contribui para o crescimento do ex-Presidente, e o arrependimento de quem fez o L.

Enquanto isso, o MST continua invadindo terras produtivas ou improdutivas, a cada dia, como aconteceu recentemente em Pernambuco, sem que o atual Presidente tenha feito, até agora, nestes 100 dias de governo, qualquer pronunciamento no sentido de conter a fúria dos invasores.

É revoltante um canal de TV se posicionar, ostensivamente, contra um ex-presidente da República, quando o dever do jornalista é mostrar a verdade dos fatos, sem expor suas preferências políticas nem suas opiniões pessoais e maldosas. Isso não é jornalismo sério! São os “MEXERICOS DA CANDINHA”, dos anos 60, subproduto da televisão, essa “máquina de fazer doidos”, segundo Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto – 1923 – 1968.

 

 

 

 

Violante Pimentel – Escritora

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