JOSUÁ COSTA

Carlos Alberto Josuá Costa

“Não precisa de botas para caminhar na trilha do bem. Nossos pés foram talhados para este fim”.

De uma das tantas madrinhas que me adotaram e, pelas quais guardo um bem querer no coração.

“Meu compadre ‘taqui’ seu presente!”

Não tinha como ficar surpreso e muito menos curioso, pois o formato era inconfundível: um livro!

Mas, que livro?

Com cuidado desembrulhei: “Mananciais no Deserto” de Lettie Cowman, décima edição, 1986, tido como um dos maiores clássicos devocionais de todos os tempos.

Folheei algumas páginas: muito grato, Ivone Cristina Azevedo Varela.

É um livro de mensagens – orações distintas e diárias, para que muitos peregrinos tristes e cansados possam beber em suas páginas e achar refrigério.

Disse pra mim mesmo: mais um!

No dia seguinte estava ali, junto com outros que já esperavam pela chance de ser escolhido. Fico imaginando como ficam os personagens, transitando entre capítulos como que inquietos para entrar em cena. E parece que eles têm algum conluio com a ajudante do lar, que cada vez que faz arrumação, troca a ordem dos livros na cabeceira.

Todos os livros que recebo, leio-os independentemente de sua origem, seja ela política na mais ampla expressão ou religiosa. Já amadureci suficientemente a capacidade de discernir o bem do mal, o certo do errado, o intencional do casual, absorvendo, quando quero, somente aquilo que não fere meus princípios.

Afinal, sob o mesmo teto, vivo e convivo com pessoas de credos diferentes, todos com respeito mútuo. Somos uma família ecumênica em sua essência.

Bem, o livro ficou de abril até o final de dezembro esperando por minha atenção. Resolvi que no primeiro dia do novo ano, faria dele meu consultor.

A mensagem do dia primeiro de janeiro era animadora e dela extraí: “… A terra está cheia de montes e vales. Não são só planícies, nem só declives. Se a vida fosse sempre a mesma, ficaríamos oprimidos com a sua monotonia: nós precisamos dos montes e dos vales. Os montes recolhem as chuvas para centenas de vales frutíferos. Assim acontece também conosco: é o monte da dificuldade que nos eleva ao trono da graça e nos traz de volta com chuvas e bênçãos…”

Pronto! Só saio de casa pela manhã depois de beber da fonte inspiradora para enfrentar a lida diária e, em todas elas, sempre ancorei meu barco com segurança.

Nas vezes em que os atropelos foram mais evidentes, passei a conferir, no retorno ao lar, se a mensagem – todas elas pautadas nos evangelhos – atingiu o seu propósito, associando os acontecimentos do dia com a palavra escrita.

Com o tempo fui anotando nas margens das páginas, cada situação que me afligiu ou perturbou meu coração. Posso dizer que em todas às vezes a mensagem foi certeira. Passei a sublinhar cada recado contido no texto, como fonte renovadora e registro para agradecimento adiante. Passados os anos, ao reler as anotações e, tendo a graça da superação, silenciosamente digo: “Valeu Senhor”.

O livro foi ficando com suas páginas amareladas pelo tempo, afinal são mais de vinte anos de manuseio, súplicas e gratidão.

Quando viajo, é o primeiro a entrar na mala. Não sabe ele – o livro – que recebi dos amigos da CAIXA (UFRN), por indicação da amiga Vera Gurgel, uma nova edição, agora em dois volumes, ávidos pela minha atenção. Não se preocupe velho amigo, você além de ser mais graúdo em suas letras, carrega segredos e emoções de minha vida. Serei leal a você mesmo frágil fisicamente, mas forte o suficiente para servir de canal entre Deus e eu.

Vamos a mais um trecho de uma das mensagens: “… Sempre que você estiver em dúvida sobre a direção a tomar, submeta inteiramente o seu julgamento ao Espírito de Deus, e peça-Lhe para fechar diante de você todas as portas, menos a certa”.   Diga-Lhe: “… lanço sobre Ti a responsabilidade de fechares diante de meus passos toda e qualquer direção que não seja de Deus. Faze-me ouvir a Tua voz atrás de mim, toda vez que eu me desviar para a direita ou para a esquerda”.

Quantas e quantas vezes vivi este dilema! Muitas vezes emudecia por dias, a espera de ouvir no meu coração a decisão certa a tomar na família, no trabalho com as pessoas, com os pares na área financeira e técnica, nos relacionamentos e ainda com as pessoas que buscavam uma palavra ou uma ação que pudesse mover em seu favor.

Posso afirmar que sempre que bebi da fonte encontrada no “Mananciais no Deserto”, me senti mais forte e confiante para prosseguir amando a todos.

Aqueles que me acolheram e torceram por mim nos momentos difíceis, desarmando as armadilhas montadas propositalmente ou até de forma involuntária, com certeza também tinham a sua fonte pautada no respeito e no amor para com o próximo. Na trajetória dos acontecimentos exercitei a compreensão com os que agiram ardilosamente, conduzindo-os ao Pai para fortalecer o meu perdão. Ainda hoje os incluo nas orações diárias que aprendi tornar em práticas verdadeiras.

Enfim, todos têm seus “Mananciais” forjados na superação e na vivência cristã. Coloque-o em favor do próximo e seus passos serão possíveis de deixar pegadas no caminho do amor. No futuro, arqueólogos da paz, afirmarão: “Por aqui passou um filho de Deus, que pela profundidade da marca, soube carregar bem a sua cruz”.

Meu neto LUCAS Josuá Rocha, certo dia chegou para mim e com a sinceridade dos anjos, foi logo dizendo: – “mamãe tem um livro desses, mas ainda não leu”.

Haverá de chegar, para ela, o tempo de ele ir da cabeceira para o coração.

Ah! Sim! Não precisa de botas para caminhar na trilha do bem. Nossos pés foram talhados para este fim.

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])

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