MANUAL DE REDAÇÃO DA FOLHA –

Quando eu comecei a rabiscar textos para jornais, adquiri o Novo Manual de Redação da Folha de S. Paulo para tentar parecer um pouco menos ruim redator daquele que realmente sou. Posso até não haver melhorado o meu estilo de escrever, mas encantei-me com todos os bons ensinamentos ali contidos.

“Qualquer que seja a coisa que queiramos dizer, há apenas uma palavra para exprimi-la, um verbo para animá-la e um adjetivo para qualificá-la” – Maupassant.

O Manual surgiu em decorrência de movimento encabeçado pelo herdeiro do conglomerado jornalístico Folha de S. Paulo, denominado Projeto Folha. Tratam-se de normas e recomendações básicas que orientam o trabalho jornalístico, dividido em quatro capítulos.

Em linhas gerais o Manual discorre sobre os princípios editorias do jornal e propõe reflexões sobre temas jornalísticos, cria recomendações pertinentes à coleta de fatos para escrever uma reportagem, procura dar conta dos principais pontos da gramática e traz recomendações relativas a apresentação do material jornalístico.

“Um bom texto jornalístico depende, antes de mais nada, de clareza de raciocínio e domínio do idioma. Não há criatividade que possa substituir esses dois requisitos. Deve ser um texto claro e direto. Deve desenvolver-se por meio de encadeamentos lógicos. Deve ser exato e conciso. Deve estar redigido em nível intermediário, ou seja, utilizar-se das formas mais simples admitidas pela norma culta da língua”. Ainda sobre o capítulo atinente à redação, o Manual recomenda:

“Convém que os parágrafos e frases sejam curtos e que cada frase contenha uma só ideia. Verbos e substantivos fortalecem o texto jornalístico, mas adjetivos e advérbios, sobretudo se usados com frequência, tendem a piorá-lo.

O tom dos textos noticiosos deve ser sóbrio e descritivo. Mesmo em situações dramáticas ou cômicas, é essa a melhor maneira de transmitir o fato da emoção. Deve evitar fórmulas desgastadas pelo uso e cultivar a riqueza dos vocábulos acessíveis à média dos leitores”.

Vi motivo para escrever estas linhas, quando soube da morte prematura de Otavio Frias Filho, no último dia 21 de agosto, aos 61 anos de idade, de câncer no pâncreas. Jornalista brilhante, excelente dramaturgo e escritor festejado, Otavio, segundo seus amigos, cativava a todos pela inteligência, humildade e discrição.

“O autor pode e deve interpretar os fatos, estabelecer analogias e apontar contradições, desde que sustente sua interpretação no próprio texto. Deve-se abster-se de opinar, exceto em artigo ou crítica”.

Ao receber o Prêmio Maria Moors Cabot de Jornalismo, em 1991, da Universidade de Columbia (EUA), pela contribuição de seu jornal à liberdade de imprensa, ele assim se pronunciou em seu discurso de agradecimento:

“Nos limites estreitos do jornalismo, a contribuição que está ao nosso alcance é fácil e difícil de se obter. Trata-se de cativar a exatidão impessoal e o respeito a pluralidade de pontos de vista em meio a uma cultura onde é fraca a separação entre o público e o particular. De informar com competência técnica num país subdesenvolvido. De fomentar o espírito crítico numa sociedade de tradição autoritária”.

O Manual é um curso simplificado de jornalismo. Conciso e de fácil entendimento. No início da leitura destaca-se um pensamento de François La Rochefoucauld: “A verdadeira eloquência consiste em dizer tudo o que é preciso e em dizer apenas o que é preciso”.

 

José Narcelio Marques Sousa – É engenheiro civil – [email protected]

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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