MANCHETE ÓBVIA –

Uma delas é tão certa, que não caberia no livro do Apocalipse: “NÚMERO DE PRESOS NO PAÍS DEVERÁ DOBRAR EM SETE ANOS” (TN 22.07.2018).

Mais assombroso é que a fonte da informação é o governo federal. E pasmem mais ainda, a estimativa é que chegue a 1.400.000 presos até 2025. O gasto? O Ministério da Segurança (sic) projeta em R$ 25 bilhões o orçamento necessário para abrigar todos os detentos previstos.

O Ministro da Segurança diz que ‘esse aumento da massa carcerária não é sustentável em termos de orçamento, espaço, administração e controle” e que o problema hoje é “o sistema prisional”.

A matéria também sinaliza como uma das soluções “ampliar o número de presos no semiaberto para reduzir o total sentenciado no regime fechado”.

Simples assim. Nós é que somos muito impacientes. Até porque essa duplicação se dará lá para 2025.

Então, também vou fazer a minha previsão. Não para tão “longe”, afinal minha bola de “sangue” foi feita com matéria prima de inocentes, que abriram mão de “reagir” para que as ações criminosas tivessem sucesso, pois a maior valia é sua própria vida.

Não reajam. O bandido precisa agir com tranquilidade. “Plante, que o governo garante”.

Claro que essa “ordem” só teria sentido se cada cidadão confiasse numa polícia qualificada e valorizada como agente provedor da ordem e da segurança.  E que também a justiça retirasse a venda dos olhos para enxergar onde está a causa e assinalar o culpado. E que depois de punido, não saísse para ele distribuindo benesses de acordo com interesses espúrios.

Não sei se é “invenção” desse povo brasileiro (inclusive eu), que vê diariamente nos televisivos, nas redes sociais, nos vídeos das câmeras de “segurança”, que, reagindo ou não, crianças, jovens, mulheres, adultos, idosos, mesmo depois de subtraídos em seus parcos bens, perdem ainda suas vidas, em vão.

Quem não tem, hoje, uma estória para contar?! Experimente iniciar uma conversa com um acontecimento do tipo, para ver quantos não acrescentarão mais um caso, e mais um, e mais outro…

Na minha “bola de cristal rubra” vejo claramente: fomos dominados pela violência urbana. “Ah! Mas isso acontece em todo o mundo”. Sim! Mais uma razão para confiar que a “bola de cristal rubra” fala a verdade.

Na capital, nas cidades interioranas, nos bairros ricos ou menos favorecidos, nas praias, nas zonas rurais, nas ruas de qualquer lugar e – olha que amedrontador – na sua própria porta.

Os estudiosos até denominaram de “Fenômeno Social” essa situação. Bem, fenômeno ou outra qualquer denominação, o que é notório é que estamos – governantes e governados – perdidos e humilhados.

E isso tem alguma explicação? Temos muitas respostas “prontas”, elaboradas em reuniões e mais reuniões, sem nada realmente prático. Afinal, o medo de empreender as ações faladas e transcritas para dar alguma satisfação é mais forte que a coragem de enfrentar o problema com inteligência.

Mas, só enfrentar, ir para o confronto, resolve?

Digo que não. Mas, é preciso. O seu (meu) estado psicológico é afetado positivamente quando algo ou alguém manifesta uma reação em favor da sensação de poder respirar e dizer: Ufa!

Este quadro de insegurança (violência mesmo) não foi xerografado. Foi sendo pintado cor a cor, dando forma à paisagem, onde todos sabiam que os vidros das tintas continham: miséria, desemprego, má distribuição de renda, consumo de drogas crescente, corrupção, falta de políticas públicas, carência de moradias, migração para os centros urbanos, conceitos éticos desmoralizados e incentivados por correntes “inovadoras”, de liberalidade irresponsável, de desestruturação das famílias, de falta de religiosidade, de consumismo desenfreado, de burocracia maléfica, de falta de credibilidade nos poderes constituídos, na falta de ensino de qualidade e educação de base, no derramamento de “diplometas” universitários sem mercado para absorvê-los, enfim, falta disso, daquilo e de tudo.

Nenhum segmento da sociedade conseguirá resolver esse impasse. Daí a preocupação em “dobrar” o número de celas. O ideal deve ser duplicar, triplicar as salas de aulas, qualificar o ensino, dotar os professores de recursos amplos, desde remuneração adequada à uma estrutura de aprendizado digna de ser compartilhada por jovens aprendizes e suas famílias.

Uma ação coletiva, um propósito definido, com todos os partidos voltados para o mesmo foco, com os diversos níveis administrativos da nação atuando sincronizados no assunto e, convenhamos, com coragem para fazer!

Ah! Mas, o Brasil é lindo. Rico em sua flora, fauna, em minérios – uma natureza exuberante. É sim, mas não serve de pano de fundo para o caos em que seu povo está envolvido; uns de olhos abertos (sem enxergar), outros de olhos fechados (acreditando no que lhes dizem).

O povo se dividiu, a criminalidade se organizou e se equipou belicamente, as autoridades se enfraqueceram, os governos ficaram inapetentes, as ideologias ressurgiram em benefício de alguns e o pavio da dinamite da inoperância foi aceso.  Para uns o pavio é longo e ainda está longe de ser consumido. Para outros (os mais fracos, os desprovidos de toda e qualquer assistência), está quase explodindo. As fagulhas, no entanto, estão provocando danos irreparáveis.

Basta de mentiras!

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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