ANA LUIZA

Ana Luíza Rabelo

            Há algum tempo, o país tem enfrentado, segundo as palavras de Lula (Luiz Inácio, não tenho tanta intimidade), mais uma “marolinha” (marola, segundo o nosso Google: onda pequena). Para mim, que não tenho instrução em economia ou ciências políticas, até hoje essas “marolas” me parecem tsunamis, cujas águas diminuem lentamente em direção ao mar e voltam de rebote com avassaladora força de destruição.

            A nova crise tem atingido todos os compartimentos da economia brasileira e, muito me choca, vemos que os nossos administradores eleitos (e friso neste exemplo a presidente) estão de braços cruzados e, como Pilatos, lavaram as (muito sujas) mãos e estão aguardando apenas a decisão do povo ou a ajuda celestial, o que vier primeiro eles aceitam.

            Os autônomos, os comerciantes, os pensionistas, os agropecuaristas, os pais e mães, os brasileiros como um todo, rogam para todos os santos e praguejam contra os “não tão santos” e, mesmo assim, a ajuda não vem.

            Não faltam eventos corruptos “desvendados” e vagamente investigados, não faltam protestos, não faltam súplicas à não corrupção, ou ao impeachment, mas, para salvar o Brasil, precisamos de um pouco mais que isso.

            Precisamos aprender a votar com consciência e não com barganhas, precisamos aprender também que nós (não generalizando, mas, na nossa maioria) somos corruptos.

            Reclamamos, mas jogamos lixo no chão, exageramos no consumo de água e, muitas vezes, somos, na melhor das hipóteses, tentados a corromper um profissional de fiscalização de condutas.

            Estamos errados, eu sei, mas, apesar disto, não nos culpo pelo sofrível momento econômico pelo qual estamos passando. A meu ver (aceito contradições), os grandes tomaram o caríssimo champanhe comprado com nossos impostos (altíssimos, por sinal) e agora não conseguem esconder as garrafas vazias.

            Não estou tocando no assunto pelo fato de que “Não me convidaram / Pra essa festa pobre/ Que os homens armaram / pra me convencer / A pagar sem ver / Toda essa droga / Que já vem malhada / antes de eu nascer. ” Nem porque “Não me ofereceram / Nem um cigarro / Fiquei na porta / estacionando os carros”. Ou ainda porque “Não me elegeram / Chefe de nada ”. Falo sobre isso porque, apesar das décadas vividas, nunca vi uma crise tão generalizada, nunca vi tanta inadimplência, nunca ouvi tantas desculpas, mesmo que a culpa não seja nossa.

            Durante a mais recente corrida presidencial, já era fato consumado que entraríamos em crise, mas o nome da atual situação econômica não pode ser apenas “crise”. Com certeza há um superlativo que corresponda à atual situação, mas procurei em diversos dicionários e não achei nada à altura (ou seria baixeza?) do que ocorre no país atualmente.

            Gostaria de encerrar essas poucas palavras com alguma solução, mas não encontro nada e, quando encontro, aquilo já está tão comprometido com a corrupção que já murchou. Por isso, tudo o que posso pedir ao meu Brasil é que não sucumba à corrupção, que não esqueça seus direitos e que honre suas obrigações cidadãs como nunca, pois, mesmo que nosso país seja uma empresa em processo de falência, eu acredito nos seus funcionários, nós, brasileiros, que não desistem nunca.

Ana Luíza Rabelo, advogada e escritora ([email protected])

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