EUGENIO

Eugenio Bezerra Cavalcanti Filho

Um desses dias atrás jantei um pouco mais tarde, e, em seguida, fiquei uns bons vinte minutos na varanda do apartamento, me deleitando com a bela imagem da lua cheia, soberana no céu e com brilho intenso. Havia, quase que sem intervalos, certas nuvens se movimentando. Mas, sem muita densidade, não chegavam a atrapalhar a radiosidade do astro da noite. Pensei em colher algumas fotos para, entre elas, escolher a de melhor aspecto, que servisse para ilustrar esta curta crônica. Mas as telas de proteção, instaladas nas janelas e na varanda (por conta do meu treloso bisnetinho), por certo iriam prejudicar a imagem. E a ideia de descer, para obter fotos mais limpas, foi tolhida pela preguiça.

A varanda é um dos lugares que, nas horas vagas, frequento mais amiúde. Dali me quedo a apreciar a movimentação das aeronaves que aqui chegam, vindas do Norte ou Nordeste acompanhando o litoral, já perto das pistas de pouso do Aeroporto Internacional dos Guararapes. A proximidade do bairro com o campo de aviação me propicia esse privilégio. Tais espetáculos, curtos mas agradáveis, são mais vistosos à noite, quando os aviões, já perto da aterrissagem, expandem suas luzes externas, algumas delas piscando, e acionam seus potentes faróis, que resultam em dois fachos bem definidos e com brilho intenso. Em uma dessas noites de sábado me deliciei com a aproximação de nada menos que nove aeronaves, no espaço de apenas três quartos de hora. A cada vez que pretendia deixar meu ponto de observação, constatava certa luzinha ao longe, indicativa de que mais um avião estava chegando. E terminava optando por esperar mais um pouco. Depois no nono, todavia, o intervalo se ampliou mais, e o apelo do computador se fez mais forte. Mas foi muito do gratificante, o tempo despendido com esse prazeroso lazer.

Mas os melhores momentos, que me reserva esse palco da varanda, são indubitavelmente aqueles quando lá se reúnem os membros da família (além deste patriarca, os filhos, genros e netos), para jogar conversa fora, na boa companhia de comes e bebes. Sem que falte uma ótima duma cachacinha, aperitivo muitíssimo apreciado pelos nordestinos de fé, degustado aos poucos, em intervalos entre as cervejas, ou normalmente quando se apresenta uma nova rodada de excelentes tira-gostos. Esse final foi, também, para deixar vocês todos com água na boca. Muito boa noite!

Eugenio Bezerra Cavalcanti Filho – Empresário e Escritor 

 

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