LONGE DAS MANCHETES –
Pronto. O ministro Gustavo Bebianno foi demitido, e sumiu junto com os áudios vazados.
Uma nova pauta se alevanta.
O governo Bolsonaro foi inaugurado nesta quarta-feira (20), quando o texto da Reforma da Previdência foi entregue oficialmente, pelo Presidente da República, ao Legislativo.
Se a nova Previdência for aprovada em seu formato atual, haverá, pelas contas oficiais, uma economia de cerca de R$ 1,16 trilhão em dez anos. Nos primeiros quatro anos, o ganho poderá chegar a R$ 189 bilhões, incluídos na conta os efeitos da mudança no regime dos militares.
Mas essas, por enquanto, são as projeções mais otimistas.
Não haverá reforma ideal. Será preciso conseguir a aprovação de uma proposta capaz de assegurar uma nova etapa de crescimento econômico duradouro. Empresários e investidores – dentro e fora do País – estão à espera dessa notícia alvissareira.
Teremos alguns meses de debates sobre essa proposta do governo.
Todavia, fatos muito mais impactantes estão ocorrendo, no Brasil e no mundo, sem que a grande mídia nem as redes sociais estejam percebendo.
Vejamos o que se esconde na mente dos governantes das nações mais ricas do planeta.
Os Estados Unidos produzem 11 milhões de barris de petróleo ao dia. O declínio dessas reservas está estimado para mais ou menos seis ou sete anos, no máximo.
A Venezuela tem reserva de petróleo estimada em 300 bilhões de barris, o óleo pesado que os Estados Unidos mais consome. Uma tentação…
O Brasil – hoje – tem certeza de 40 bilhões de reserva no Présal. Pode chegar a 200 bilhões.
As batalhas geopolíticas, econômicas, no mundo atual – têm no centro de sua estratégia “Energia”, ou seja, Petróleo.
O leitor mais atento sabe que Bush Junior – os Estados Unidos – mentiram sobre a existência de armas químicas no Iraque.
Aliás, tenho uma dica para o leitor: está em cartaz o filme “Vice”, que retrata o papel de Dick Cheney – vice de Bush Junior sobre a guerra do Iraque.
A guerra do Iraque foi montada numa mentira. Não havia armas químicas, nem nucleares, no Iraque.
O interesse de Tio Sam tinha outro foco: as reservas de Petróleo do Oriente Médio.
E o mundo só saberia disso muito depois. Qual é a novidade nisso tudo?
Um assessor de Bush, John Bolton, é um diplomata, militar da reserva, advogado e político norte-americano conhecido por suas visões conservadoras. Foi embaixador dos Estados Unidos na ONU de 2005 a 2006 durante a administração George W. Bush. E daí?
Agora, em março de 2018, Bolton foi apontado pelo presidente Donald Trump para servir como seu Conselheiro de Segurança Nacional. E daí?
Este mesmo Bolton, conselheiro de Trump, esteve com o presidente Bolsonaro, em novembro de 2018.
Em seguida, o Almirante de Esquadra Ilques Barbosa Junior, Comandante da Marinha do Brasil, teve um encontro com o Almirante Craig Faller, chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, com quem conversou, entre outros assuntos, sobre a crise na Venezuela (lembram da reserva de 300 bilhões de barris?).
E o que o Brasil tem a ver com isso? Preste atenção!
O patropi, uma das dez maiores economias do mundo, pode ser envolvido numa trama estratégica, geopolítica e econômica – capaz de transformar nossa sociedade numa peça de um jogo que não temos sequer noção da direção que pode seguir.
Mas, provavelmente, a política brasileira de relações internacionais será liderada pelos interesses dos Estados Unidos. Por enquanto, um fenômeno ainda fora das manchetes.
Resumo da ópera: o mundo muda rapidamente, e o patropi corre risco de não acompanhar; ou de ser envolvido mediante um alinhamento incondicional; que a maioria da nossa sociedade organizada nem desconfia do que se trata.
Por enquanto, vamos discutindo a idade mínima que nossos velhinhos vão se aposentar…
Rinaldo Barros é professor – [email protected]