LEONARDO DA VINCI EM PARNAMIRIM –

Escultura monumental, um cavalo projetado por Leonardo da Vinci, uma homenagem ao milanês Duque de Sforza. Teria sete metros de altura. O criador fez um protótipo em argila. A França invadiu Milão e o bronze serviu como bala de canhão. Os soldados franceses fizeram tiro ao alvo no modelo. Imagine a tristeza desse gênio.

Quinhentos anos depois, pessoas amantes do cavalo cotizaram-se em uma fundação para tornar real o sonho projetado por Leonardo. A arquiteta nipo-americana Nina Akamu planejou e a obra belíssima foi executada e encontra-se em frente ao hipódromo de Milão. O custo global do trabalho foi de 2,5 milhões de dólares. Desde menino, sou seduzido pela elegância e porte do que considero o mais belo dos animais. Meu pai cavalgava em “Balinha”, cavalo castanho muito ágil, meeiro e baixeiro. Quando envelheceu, aposentou-o no verde da fazenda Favorita. Todos os dias era lavado e comia milho molhado num bornal. Morto, foi sepultado para que os urubus não o comessem.

Muitos outros fatos deram-me aproximação ao tema. Meu irmão Marcelo foi campeão de vaquejada em todos os Estados brasileiros em que se exibiu a prática dessa arte. Tive o privilégio de integrar o livro “A Vaquejada Nordestina”, de Câmara Cascudo, com o glossário por ele pedido. É possível imaginar que um vaqueiro nordestino seja um centauro, um único ser fundido em dois viventes.

À biografia de Djalma Marinho dei o título de “O Homem que Pintava Cavalos Azuis”, baseado em história de Etrúria reavaliada pelo biografado com graça repetida.

Muito mais real são os belos equinos mitológicos, como Pegasus, o cavalo alado, e as obras de arte das pinturas magistrais, dos artistas como Van Gogh a Portinari. Desejei uma realidade maior, concretude. Desafiei o artista plástico Dalécio Damásio Mariz, seridoense de Ipueira, a dar feitio e vida ao cavalo de Leonardo da Vinci, com três metros de altura. Não poderia ser
melhor o resultado. O cavalo de Dalécio, a notável obra de arte, posa luminosa em frente ao hipódromo de Parnamirim. Ganhou a cor azul e, recentemente, foi metalizado, dourado pelo também escultor Ojuara.

A temporada passada em Florença só fez aumentar o meu entusiasmo pela obra de Leonardo. Visitamos a pequena cidade de Vinci, que ficou famosa pelo seu filho.

Nunca acreditei na lenda do Cavalo de Troia, porque cavalo não engana ninguém. E, se pudesse, protestaria contra o seu uso.

Meu amigo Marco Lucchesi, então presidente da Academia Brasileira de Letras, coordenava, na Biblioteca Nacional, a exposição comemorativa do quinto centenário de Leonardo da Vinci. Dela participamos com uma pequena réplica do cavalo. Foi produzida pelo talento de Eri Medeiros e hoje faz parte do acervo da
Biblioteca Nacional.

Conclusão. O feito imaginado por Leonardo da Vinci valoriza não só a maior e mais antiga biblioteca do Brasil, mas também a querida cidade de Parnamirim.

 

 

 

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

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