“Passas sem ter teu vigia/ Catando  a poesia que entornas no chão” –  Chico Buarque

 Nesta segunda parte, outros jovens e inesqueciveis compositores, cantores, poetas  que, de forma surpreendente, nos deixaram muito cedo; com uma peculiaridade muito reflexiva: no momento que atingiram seus apogeus, suas independências profissionais  e financeiras, momento ímpar e de glória na  vida de cada um.

Milton Carlos (São Paulo, novembro de 1954 – São Paulo, outubro de 1976). Jovem brilhante compositor e cantor, de voz efeminada. Irmão da compositora Isolda, autora de “Outra vez” – uma das mais belas poesias musicais da MPB, interpretada por Roberto Carlos. Autor de sucessos inesquecíveis, como: “Jogo de dama”, “Café Nice”, ”Samba quadrado” e muitos outros, distribuídos em seus dois únicos LPs.

Morreu aos 22 anos, na noite de 21 de outubro de 1976, vítima de acidente automobilístico no trecho da Via Anhanguera/SP.

      “Conheço as paredes                          

       Que guardavam segredos                         

       E ações que por si                               

       Não cobriam os seus medos”                  

       Da canção: Jogo de damas

Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior – Gonzaguinha (Rio de Janeiro, 1945 – Renascença/PR, 1991). Filho adotivo do cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga, o Gonzagão. Compôs sua primeira canção aos 14 anos: “Lembranças da Primavera” (1961).  Do seu inesquecível e apreciável álbum musical destacam-se as seguintes canções: “Começaria tudo outra vez”, “Explode coração”, “Grito de alerta” e “O que é o que é?”.

Faleceu aos 45 anos, no dia 29 de abril de 1991, vítima de acidente de carro, quando regressava de um show no Paraná, em uma rodovia no sudeste deste Estado.

      “Há quem fale                                        

      Que a vida da gente                                

      É um nada no mundo                              

      É uma gota, é um tempo                            

      Que nem dá um segundo”                                

      Da canção: O que é, o que é?

Jessé Florentino Santos – Jessé (Niterói/RJ,1952 – Ourinhos/PR, 1993). Cantor, compositor e músico, de formação evangélica e de origem pobre.  Passou boa parte da sua vida em Brasília/DF. Começou a cantar ainda criança na Igreja Presbiteriana Independente do Cruzeiro/DF, de propriedade do sei pai. Mudou-se para São Paulo, onde desempenhou sua rica e curta atividade artística musical.

Vencedor do Festival MPB Shell, da Rede Globo de Televisão, em 1980, com a música “Porto Solidão” (Zeca Bahia e Ginko). Em 1983, ganhou todos os troféus no Festival da Organização Ibero-Americana (OTI), em Washington/EUA, como melhor intérprete, melhor canção e melhor arranjo, com a música “Estrelas de Papel”. A letra era uma homenagem ao genial Charles Chaplin, seu ídolo maior.

Faleceu aos 41 anos (março de 1993), devido à acidente automobilístico, quando sofreu traumatismo cranioencefálico(TCE), momento em que se dirigia para a cidade de Terra Rica, no estado do Paraná, onde ia fazer um show.

       “Ah! meu coração é um campo minado

       Muito cuidado, ele pode explodir            

       E se depois de tão dilacerado            

       For desarmado por quem há de vir”

       Da canção: Campo minado

Pedro Soares Bezerra – Carlos Alexandre (NovaCruz/RN, junho de 1957 – Tangará/São José de Campeste/RN, janeiro de 1989). Em 1975, iniciou a sua carreira artística com o nome de Pedrinho. Dois anos depois (1977), foi rebatizado com o nome de Carlos Alexandre, com o apoio e o incentivo incansável do radialista e futuro político potiguar Carlos Alberto de Souza, que o levou para gravadora RGE. Aos vinte e um anos, alcançou o sucesso nacional destacando-se como o cantor norte-riograndense de maior representatividade no cenário musical “brega”.

Morreu no dia 30 de janeiro de 1989, com apenas 31 anos, vítima de acidente automobilístico, entre São José de Campestre e Tangará/RN, quando retornava de um show em Pesqueira, em Pernambuco. Deixou mais de 200 composições gravadas. Ganhou 15 discos de ouro e um de platina, nos quais se destacaram: “Arma de Vingança”, “A Ciganinha”, “Canção do Paralítico”, com mais 100 000 de cópias e “Feiticeira”, com 250.000 cópias vendidas.

        “Ela me apareceu                                  

        E com apenas um toque de sua

        magia

        Acabou com a tristeza                        

        Me trazendo alegria”                               

       Da canção: Feiticeira

Altemar Dutra de Oliveira (Aimorés/MG, outubro de 1940 – Nova York/EUA, novembro de 1983). Muito jovem, a família mudou-se para Colantina, no Espírito Santo, onde teve início a sua carreira musical, quando ganhou o concurso de calouros na radio Difusora. No início de suas  apresentações, gostava de imitar cantores famosos, principalmente o seu ídolo maior, Orlando Silva.

Mudou-se para a cidade Vitória, onde passou a ser admirado e  bastante requisitado para cantar nas boates de luxo, momento que iria influenciar decisivamente em sua carreira. Deixa a cidade de Vitória com apenas 17 anos (1957) e desembarca na cidade Maravilhosa, à época Capital Federal. Logo, logo é contratado como crooner em boates e casas de shows.

Parceiro inseparável da famosa dupla de compositores: Evaldo Gouveia e Jair Amorim. Interpretou de forma inimitável seus grandes sucessos, como: “O Trovador”, “Sentimental demais”, “Brigas”, “Tudo de mim ” e muitos outros. Fez carreira internacional, sendo considerado um dos mais populares cantores estrangeiros nos EUA.

Faleceu aos 41 anos, vítima de uma ruptura de um aneurisma cerebral em pleno palco, quando se apresentava na boate El Continente, em Nova York/EUA, onde residia com a sua família.

     “Brigo eu                                            

      Você briga também                              

      Por coisas tão banais                              

      E o amor                                               

      Em momentos assim                          

      Morre um pouquinho mais”                       

     Da canção: Brigas – Música que  gostaria de ser lembrado quando  morresse. 

Evaldo Braga (Campos dos Goytacazes/RJ, 26 maio de 1945 – Areal/RJ, 31 de janeiro de 1973). Dizia: “Infelizmente não tive a sorte de  conhecer os meus pais, mas sei o nome de ambos: Evaldo e Benedita Braga. Eles não podiam me sustentar e me abandonaram”. Há também relato que Evaldo Braga é fruto de relacionamento extraconjugal. Sua mãe seria uma prostituta da cidade de Campos.

Não teve uma infância feliz, ocupando boa parte dela, nas ruas, chegando a ser internado no SAM ( Serviço de Amparo ao Menor – Funabem), atualmente Fundação Casa, onde conheceu e fez uma estreita amizade com o colega Dario Peito de Aço- o Dadá Maravilha – grande goleador do Atlético Mineiro e jogador da seleção brasileira.

Em 1971 gravou o seu primeiro compacto -“Só Quero”, com grande sucesso, vendendo mais de 150 mil cópias. Seu grande sucesso “Sorria, sorria”em parceria com Carmen Lúcia, marcou para sempre a sua imagem como o principal expoente da música black no brega.

Faleceu aos 27 anos, no auge da sua curta carreira artística, vítima de acidente automobilístico na BR-3 ( atual BR-040), trecho próximo ao município de Três Rios, na divisa de Minas Gerais com o Estado do Rio de Janeiro, no dia 31 de janeiro de 1973.Seu corpo foi sepultado no Cemitério  São João Batista/ RJ, diante de uma forte e empolgante comoção popular.

         “Sorria meu bem, sorria                         

         Da infelicidade que você procurou

         Sorria  meu bem, sorria

         Você hoje chora                               

         Por alguém que nunca lhe amor”

        Da canção: Sorria

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