INTOLERÂNCIA NAS AMIZADES –

 “Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro”(Eclesiastes 6,14)

Ocorreu alguma mudança nas nossas relações de amizade?

A polarização extremada, de toda a natureza, tem nos deixado renitente com aqueles que tínhamos como amigo?

Estamos impacientes com aqueles que pensam diferente de nós?

Essas indagações certamente não terão respostas absolutas, pois todo esse processo ainda está se desenvolvendo em nosso meio. À medida que a comunicação vai ocupando espaço sem nenhum cuidado sobre a veracidade de suas origens, mais e mais pessoas vão sendo envolvidas e absorvendo o dizer (pois o pensamento se esconde) do outro e, nele, depositando a sua “crença”.

Por sua vez, as amizades formadas em bases sólidas, assim como as aparentes, dão sinais  de oscilações, conforme os contextos em que elas permeiam.

As mudanças nas amizades não necessariamente ocorrem no sentido negativo das divergências, mas quase sempre pela intolerância ao pensamento discordante, que contraria a ‘verdade’ criada pelo outro, sem chances de que cada uma das partes apresentem as suas razões, que poderão ou não modificar o quadro colidente.

A opinião passou a ser inimiga da essência da amizade, esta, construída, quase sempre, por lutas, sacrifícios e vivências comuns, que foram solidificando o entendimento e o respeito comum.

Basta uma centelha para que a labareda do ponto de vista sobre isso ou aquilo transforme a poesia de uma bela amizade em sonetos distorcidos e arraigados pela ira. Pronto: Cria-se um inimigo!

Transcrevo aqui um desses momentos observado pelo amigo Cícero Macedo Filho, em uma de suas postagem no grupo ‘Sempre Macaíba’, do qual ele e eu fazemos partes com tantos outros conterrâneos:

“Infelizmente estamos perdendo a poesia da amizade, ou a amizade da poesia, que sempre tivemos. Espero que não as percamos! As poesias se recuperam. Outras coisas, não! Se não as recuperarmos e não fizermos agora, quem contará o que perdemos? Quem recuperará? Quem contará nossa história? Quem escreverá poesias? Quem falará da espiritualidade que herdamos e deixaremos, ou quem contará, amigos, o que foi a felicidade, a telúrica vida, alegria, emoção, sentimento, comoção, abraços, perdas, ganhos, alegrias, tristeza, partida? Quem? Quem? Sejamos nós, sejamos amigos, pois isso é a única coisa que nos conforta. E, a mim, amante da minha eterna Pasárgada, uma das poucas coisas que me restam!”

Uma das coisas significativas na nossa vida é a amizade. Em uma amizade nós somos parceiros, estamos lado a lado e somos mais sensatos.  Uma boa amizade torna-nos pessoas melhores e mais confiáveis um com o outro. Digo até que uma amizade vai muito além de estar sempre presente, mas, de ser o vento que sopra sobre as cinzas que, em alguns momentos de nossas vidas, queimam em meio a desacertos a que estamos sujeitos

A mão que cumprimenta o amigo na hora da comemoração deve ser a mesma que ajuda a levantar quando na queda inevitável. Isso solidifica a amizade.

A amizade está presente em todas as etapas de nossas vidas. Da infância à maturidade. E em todas elas somos responsáveis para que ela se perpetue.

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” (Antoine de Saint-Exupéry).

 

 

 

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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