NELSON FREIRE 1Tinha prometido a mim mesmo não mais voltar a falar sobre a questão segurança em Natal e no Rio Grande do Norte. Até porque abordei esse tema diversas vezes através de outros artigos aqui mesmo neste espaço. Foram tantos que cansei. E fiquei até preocupado em estar cansando também o leitor, com a repetição do assunto.

Mas de repente eu paro para refletir e percebo que quanto mais a gente quer se afastar dele, mais ele se aproxima de nós. Uma verdadeira lástima. Como se não houvesse mais nada para se comentar ou discorrer. Esse virou de fato um tema recorrente. E a cada dia a gente tem impressão que vive num eterno dejá vu. Com a repetição de cenas degradantes e com o detalhe de que a violência se sofistica numa velocidade rápida.

Esta semana então, foi um verdadeiro caos. Tanto que gerou uma crise sem precedentes aqui, atingindo brutalmente essa área tão delicada. A revolta nos presídios pegou todo mundo de surpresa. E a exteriorização dessa insatisfação saiu de lá e se espalhou na noite da ultima segunda feira na capital e nos dias subsequentes. E com tanto fogo ateado em ônibus, pessoas atônitas ficaram a se perguntar: Natal está em chamas? Tudo parecido com o que vimos acontecer tempos atrás no sul do país.

O Rio Grande do Norte não tinha tradição de ser um estado violento. Natal, por exemplo, sempre foi uma capital tranquila de se viver. Mas ela cresceu e esse problema começou a preocupar. Hoje, todo o dia temos noticia de crimes brutais. Assaltos em lojas, bancos, residências, farmácias, padarias e outros locais públicos.

Crimes que começaram a ser executados também por mulheres, e por motoqueiros que se escondem nos capacetes e agem com elevado grau de impunidade. E alguns deles mostram características semelhantes aos praticados por grupos organizados. Isso sem falar que um dos grandes responsáveis por esse atual estado de coisas é a disseminação das drogas, que já chegou ao interior e que traz muita inquietação.

Isso tudo faz com que a população pressione o Estado por uma ação mais efetiva, coordenada e eficaz. Não apenas com o aumento do efetivo policial, mas com a qualificação desses profissionais e a melhoria dos seus salários. Também com um sistema de monitoramento por câmaras colocadas em locais críticos. E, além disso, com um serviço de Inteligência competente, que atue preventivamente, a fim de evitar muitas vezes que o pior aconteça.

Esses problemas deságuam invariavelmente na mesa daquele que tem a incumbência de buscar as devidas soluções. Tanto as de ordem técnica como as de ordem política. Por isso entendo que fez muito bem o Governador do Estado ao pedir socorro ao Governo Federal, solicitando o envio de tropas da Força Nacional. Inclusive com a chegada concomitante da secretária nacional de segurança, Regina Mikki.

Há várias coisas que precisam ser refeitas pelas autoridades brasileiras. Uma delas é a criação de uma nova politica de segurança pública no país. Que deve começar pela modificação do atual sistema penitenciário. Pelo aumento do numero de presídios, e que eles venham a ser dotados dos mínimos requisitos de humanidade. Uma avaliação séria de propostas visando a diminuição da maioridade penal. A busca de alterações legais para que a impunidade não continue sendo regra. Providências que precisam acontecer com a maior urgência.

As pessoas comuns estão cada dia se sentindo mais inseguras. A inquietude aumenta e o terror se espalha aos quatro cantos. Está na hora de se começar a modificar essa situação. Num país como o nosso, a segurança precisa ser encarada como prioridade. Enquanto ainda há tempo para isso.

 Nelson FreireEconomista, Jornalista e Bacharel em Direito

 

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