IMPRESSÃO E JORNALISMO –

Dos grunhidos do homem neandertal em suas cavernas, base primeira das ideações dos seres ditos humanos em seu processo vivencial, as civilizações humanoides percorreram milenares ciclos darwinianos de adequação ao meio ambiente, à busca da sobrevivência.

O inóspito tem gradações mutacionais, ciclicamente geradoras de transformações comportamentais, que se ajustam em patamares, crescentes, na fixação das ideações, fruto de observações.

A emulação grupal e a lei do menor esforço são forças cogentes do instinto dos seres humanos na consecução de resultados, ditos descobertas.

A criação da roda e sua difusão é algo sobrenatural.

Por sua vez, o suceder das criações é movido pelo instinto da curiosidade no processo das experimentações, calcadas na imutável lei do menor esforço.

Os resultados nada mais são do que acontecimentos estratificados, fruto dos processos observacionais, no dizer de Antoine Laurent Lavoisier, químico francês, ao enunciar a máxima – “Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”.

Após, houve o prenúncio de um futuro salto, movido por Albert Einstein, judeu asquenaze, ao afirmar que “Deus é produto da fraqueza humana” e que massa e energia são faces de uma mesma moeda no universo da relatividade.

A relatividade e o agnosticismo pontificam nas cerebrações do homem racional, até a impressão gráfica de suas ideações.

A palavra imprensa, etimologicamente, promana de in prensa, da prensa móvel, objeto do mundo gráfico, utilizado na impressão de escritos; e aperfeiçoada pelo Homem de Mogúncia, Johannes Gutenberg, ao inovar na criação dos tipos móveis, aceleradores dos processos editoriais, durante o período do medioevo.

Muitos afirmam que o primeiro jornal impresso foi o Relation, em 1605, em Estraburgo, na Alemanha, observando-se as características de circulação, impressão, periodicidade e a visão de constituir-se um noticiário permanente. Naturalmente, há mais de três milênios impressos em seda, existiram na China.

Júlio Cesar, imperador romano, em 59 a.C., criou a ACTA DIURNA, um “jornal”, sob responsabilidade de correspondentes imperiais, ditos os primeiros “jornalistas”, que marqueteavam os louros imperiais, expondo placas enunciativas, a feitio dos atuais outdoors publicitários.

Interessante prenotar-se que a profissionalização do jornalismo ocorreu na Suécia, que em 1766, editou a primeira legislação regulatória da liberdade de imprensa, fixando os limites da veracidade, evitando-se atos difamatórios.

O nascimento do telégrafo (Samuel Morse), do rádio (Guglielmo Marconi), do cinema (irmãos Auguste e Louis Lumière), da televisão (Philo Farnsworth), da internet (Robert Kahn e Vinton Cerf), foram condicionantes das transformações da imprensa e do jornalismo.

A formatação do e-mail já se reveste de obsolescência, advindo os zaps, o instagram, os blogs, as plataformas de streaming, as redes sociais, as videoconferências, o universo dos e-books e do crescente e-commerce; além, de tantas outras criações da linguagem multimídia, que se alastram na vertiginosa instantaneidade das comunicações.

Isto tudo, em brevíssimo tempo, será obsoleto com o “chipamento humano”, verdadeira inserção neural da gnose até então absorvida, redimensionando a cerebração humana, configurando-se o neologismo, por mim criado, do homem do futuro – homo genitabilis, do homem que se recria.

O Tempo é o senhor das ações!

 

 

 

 

 

 

José Carlos Gentilli – Escritor, membro da Academia de Ciências de Lisboa e Presidente Perpétuo da Academia de Letras de Brasília

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Uma resposta

  1. Gentili,
    Quem é jornalista conhece essa história. O singular no seu texto é o prenúncio do homem que se recria, a partir do “chipamento humano”, do qual – também percebo – não estamos longe. Conviver com esse axioma, para o jornalista é ainda difícl. Ele está preso à cotidianidade, convivendo com os cânones das relações humanas , com a crença ingênua no seu papel social e, sobretudo, preocupado, antes, com a empregabilidade, vista com um fim. Você tem razão, as coisas vão mudar , o ser humano também, na medida em que a insegura convivência com as falsas construções de mundo vai, paradoxalmente, lhe dando autonomia pensante, não propriamente liberdade, cuja compreensão vai passar também por uma reformulação.
    Abraços, e parabéns. Cuide-se.
    Aylê-Salassié

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