“A HISTÓRIA NÃO FOI BEM ASSIM” –

Precisei consultar um fato da história passada e recorri a livros que a continham, na estante da biblioteca. Em nenhum momento tive receio de que ali poderia estar relatada apenas a versão que interessava a alguma ideologia em destaque na época.

O que me preocupa, nos dias de hoje, nesse emaranhado de controvérsias, onde as “meias verdades” se apresentam como única condição, mentiras disfarçadas de “verdades” e verdades mostradas como “mentiras”, é como será a história escrita para as gerações futuras.

Imagino como será doloroso buscar amanhã informações de hoje, mesmo no mundo virtual, e não ter uma razoabilidade para os anais que espelham a veracidade das ocorrências históricas.

Como iremos pesquisar? E mais ainda, que respostas obteremos?

Aliás, tenho percebido com o tempo e com as novas tecnologias que cada vez mais todas as histórias têm sido “reescritas” à medida que ‘curiosos dos acontecimentos’ se embrenham em vasculhar e associar àquela, fatos novos ou não tão novos assim, por motivos que não “alcanço”, não explorados devidamente, conforme suas conveniências.

Pode soar estranho. Mas não foi assim desde a criação do homem, quando a serpente fez Eva mudar a história que Deus acabara de engendrar?

Para meninos da minha idade, cujas convicções e maturidade “passadas nas cascas do alho”, talvez não nos incomodem conviver com tantas “contraditórias”. Mas, para os meninos de hoje, em formação intelectual e emocional, pode ser crucial para entender a roda-viva da construção dos fatos vivenciados no cotidiano da vida.

Nada representa a verdade absoluta. Até porque esta verdade, absoluta, até hoje não fixou o seu marco inicial ou referencial. Cada corrente aponta para a direção que mais lhe convém.

Aliás, temos uma palavra denominada “bastidores” que é uma pérola para “explicar” feitos e malfeitos de todos os segmentos da sociedade, sejam eles ligados a religião, política, futebol, desfile de misses, jurídico, legislativo, executivo, comercial, carnavalesco, familiar, cartorial, empresarial, conjugal, educacional, criminal, enfim. Da culinária aos direitos humanos e, por aí segue.

“Nos bastidores” acontece do óbvio ao milagroso. Uma locução adverbial com força imperativa para quem dela se utiliza. Normalmente a ele, o grande público não tem acesso, não ostensivamente, desfila às escondidas, na intimidade dos interesses envolvidos ou relacionadas de grupos ou pessoas (“Dos nossos”; “Oi nóis na fita”; “Da organizada”).

Cada história, já nasce com dois lados tal qual um disco LP (Long Play) e, de cada lado, versões da mesma “música”. Cabe a nós escolher a mais próxima da realidade. Mas, qual realidade?

Certa vez fui visitar o casal amigo – lá de Redenção, Santo Antônio/RN – Seu Manoel Fernandes e Da Eleusa Eunice, ambos harmoniosos em seus mais de noventa anos e, conversando perguntei: Seu Manoel conte aí suas aventuras quando rapazinho e interessado em cortejar Da. Eleusa. A história começou a se desenrolar e Da. Eleusa só escutando. Lá pelo meio da conversa, ela interferiu: “- A história não foi bem assim”.

Ou foi?

Pois é, hoje no nosso querido Brasil, cada um escreve a mesma história a sua maneira.

Caduco aqui, imaginando meu neto Lucas, em 2040, ele com 34 anos rebuscando nas “nuvens” da época e, obtendo como resposta a um fato, de hoje, pesquisado: “Digite sua opção e conheça a versão para cada “Brasil” que deseja saber”.

Preocupa? Cada um reflita.

Afinal, temos quatro evangelistas relatando os mesmos fatos, cada um à luz de como os acontecimentos foram vistos ou chegados até eles.

Ainda bem, que todos concordam: Jesus Cristo tinha personalidade própria, não dando margem para “eu acho”.

Com Ele, SIM era sim e Não era não.

Quer contar a sua história ou prefere ouvir a minha versão?

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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