Construído no século 19, o Cemitério do Alecrim é um dos cenários icônicos do bairro que inspirou a montagem

O trânsito caótico, o vai e vem interminável de pessoas, os cheiros, os sabores, as cores, as lojas minúsculas que vendem de tudo, até sonhos. O bairro do Alecrim, que nasceu em volta de um cemitério, na zona leste de Natal, tem hoje 113 anos de ricas histórias, muitas delas, guardas nas memórias de antigos moradores da região.

Se no passado o bairro tinha uma efervescente movimentação cultural, com seis cinemas, dois teatros, importantes casas de shows, hoje o espaço está resumido a ser um entreposto comercial, habitado saudosos residentes e uma leva de trabalhadores e clientes.

Esse contraste entre o passado e o presente do bairro é o cenário de “Memórias do Alecrim”, espetáculo que o grupo de teatro potiguar “Para eu parar de me doer” tem se dedicado a montar nos últimos dois meses.

O grupo fez uma intensa pesquisa em livros e na própria região. Conversou com antigos e novos moradores, lojistas, trabalhadores e clientes. Todos rememoraram histórias e contaram seus laços afetivos com o bairro. A partir dessas conversas foi costurado o texto do espetáculo, assinado pela jornalista Michelle Ferret, pela poeta Marina Rabelo e pelo ator Thiago Medeiros. Todos com vivências no bairro, seja na infância ou na adolescência.

Segundo Michelle, o texto partiu dos depoimentos colhidos e das observações dos próprios autores e atores, que tentavam transpor em cenas as páginas que iam surgindo. “Uma das coisas mais bonitas desse registro é a memória como um sonho coletivo. A memória que é de um bairro, de um lugar inteiro acolhido no que existe de mais sagrado, o ser”, conta a jornalista, que depois de dois meses envolvida com o processo, cita o que mais caracteriza o bairro hoje.

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