GOLFINHO OU PEIXE-BOTO, A QUANTO PODE CHEGAR O (SER) HUMANO PREDADOR? –

Repete-se o drama, um golfinho foi encontrado no litoral de São Paulo definhando de fome, achado com uma rede enroscada em seu nariz. Imagem desoladora de nossos oceanos-lixo próximos às capitais.

A rememorar que predadores dos golfinhos são os temíveis tubarões-brancos, em mares do sul são as orcas, mas, infelizmente, os humanos são as pragas recentes para onde levam esses graciosos seres aquáticos. Além de no Japão (EUA e China) a carne de golfinho ser apreciada em substituição à de baleia, golfinhos e orcas passaram a serem caçados para se tornarem atrações em parques, notadamente os de aventuras em pesca, com a finalidade de se tornarem apanhados por “esporte”, para, logo após, serem devolvidos aos tanques do entretenimento. Estressante e torturante essa prática.

Melhor sorte aqueles que se tornam atrações em parques demonstrativos para turistas, nos quais são adestrados para contorcionismos em saltos, a troco de uma ração considerada recompensa. Evidentemente a demora induz a fome a essas criaturas, enquanto muitos delfins ainda insistem em agradar nossos olhos por seus balés em oceano aberto. São eles os golfinhos, também chamados peixes-boto, cinza ou cor-de-rosa ou toninhas.

Existem cerca de quarenta espécies de delfins de água salgada e doce, sendo que os botos subsistem nas águas do Araguaia, Tocantins e rios afluentes do Amazonas. Lembro-me de uma acampada que fizemos em 1973 no Pará, à beira do Tocantins, em que quase à noite toda ouvia-se o respirar dos botos-cinza ou tucuxis, era uma cantoria enfadonha, mas perfeitamente compreensível, por termos aquele privilégio de ouvi-los. Inesquecível.

O golfinho possui um notável senso chamado de ecolocalização. É como se chama o sistema acústico que lhe fornece dados imediatos sobre outros animais e contornos do ambiente. Lamentável que esse prodígio sensor da natureza não permita aos golfinhos se defenderem do predador homem.

No cordel e na cantoria amazônica há rimas acerca das lendas do boto-tucuxi, a par com as desventuras e amores humanos, da gente simples ribeirinha. Por lá ao menos há mais respeito, admiração e poesia por esses encantos da natureza marinha.

Luiz Serra – Professor e escritor
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