ANA LUIZAAna Luiza Rabelo

É um ditado antigo que, apesar do tempo, não perdeu a força do seu significado. Essa frase sempre me faz sentir como se as lembranças do que fizemos com nossa história fosse um imenso álbum abstrato e ao mesmo tempo concreto, passado e presente, tudo junto formando um ser que é resultado de tantas experiências, que se torna complexo mesmo sendo simples. Um ser que, apesar das situações que passou na vida (ou por causa delas), é único, é mágico, é real.

A vida que levamos, cheia de correrias, de preocupações, aborrecimentos e mágoas, não irá fincar raízes profundas em nosso caráter se não pararmos para apreciar a pluralidade da existência. Precisamos ter calma e ousadia, sonhar sem tirar os pés do chão, ganhar nunca nos esquecendo de aprender a perder. São tantas palavras, tantas lições que a vida nos dá, que muitas vezes passamos direto, sem colher aquele aprendizado.

Frases de efeito, ensinamentos e orientações que recebemos, e perdemos, ao longo do caminho, ficam batidas, viram jargões e nunca conseguimos oportunidades de parar e rever aquele “velho” conceito. É importante que façamos um esforço para que nosso caminho seja ornado de flores, de bons momentos, bons amigos. É importante que tenhamos fé em algo superior a nós, mas que nunca percamos a fé em nós mesmos também.

Devemos fazer com que nossa vida seja rica, não de “coisas”, mas de acontecimentos. Tentar, sempre, aprender mais, não para sermos superiores aos irmãos, mas para ajudar a conduzi-los. Façamos de nossa passagem na vida das pessoas um marco, deixemos uma bela história a ser contada, um exemplo a ser seguido, lembrando que o que é bom não se imita, se aprende!

Cada um de nós tem uma estrada de tijolos dourados como o de Dorothy, do Mágico de Oz, apenas esquecemos que precisamos construí-la, percorrê-la e, sobretudo, partilhá-la. A sempre otimista Pollyanna, de Eleanor Hodman Porter, nos deixou uma excelente maneira de seguir em frente, de ultrapassar obstáculos e fazer uma bela caminhada, mas nós, tão cheios de sabedoria e conhecimento, fechamos os olhos e ouvidos para o “Jogo do contente” e logo o rotulamos como “coisa de criança”. Como se o ser adulto não pudesse ser feliz, otimista. Como se os “adultos” tivessem que plantar rancores, regar mágoas e colher tristezas.

Felizmente, sempre há alguém próximo que nos lembra da maravilha de dissolver os maus momentos, de esquecer o que não nos faz felizes e, sobretudo, de perdoar os erros, sejam alheios ou nossos. Felizmente, sempre podemos contar com pessoas que interrompem o seu precioso tempo e nos presenteiam com uma história, um livro, filme ou música, alguém que para e nos concede uma alegria sem medidas. Essa pessoa muitas vezes nem sabe o valor daquilo que nos deu, porque nos esquecemos de agradecer, mas ela é grande e vai continuar dando de si, parando em sua estrada dourada, compartilhando conosco sua luz.

Então, não percamos o ensinamento, vamos sempre passar adiante as lições que a vida nos der. Vamos preencher nosso álbum com belas imagens, com lembranças significativas. E que todo o resto fique para trás.

Ana Luiza RabeloEscritora, advogada – ([email protected])

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