GALERIA DE HERÓIS –

No Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília, existe o chamado Livro de Aço, onde estão oficialmente relacionadas as personalidades nacionais que, com suas vidas e seu trabalho, contribuíram para a consolidação do Brasil como pátria e nação. É justo e normal que o nosso, como outros países, mantenha esse memorial de heróis oficiais, a quem, pela educação formal e tradicional, aprendemos a lembrar e reverenciar.

No Livro, estão inscritos nomes como o de Dom Pedro I,  executor e líder da nossa Independência, que tem como declarado mártir o alferes Tiradentes, também relacionado; Tancredo Neves, protagonista no processo  de redemocratização do Brasil; Alberto Santos Dumont, para nós o real inventor da aviação; as heroínas Anita Garibaldi e Ana Néri; Princesa Isabel do Brasil, a Redentora, cujo relevante papel é conhecido de todos; Adolfo Lutz, considerado o Pai da medicina tropical, pioneiro na pesquisa de doenças infecciosas, e Getúlio Vargas, político populista de histórica e controversa carreira.

Ali, entre tantos outros constantes do panteão oficial brasileiro, estão os nomes de Ayrton Senna, ídolo no esporte; do combativo Ulysses Guimarães; de Zumbi dos Palmares; do navegante negro João Cândido; dos médicos Vital Brasil, Carlos Chagas e Emílio Ribas, pioneiro no combate à febre amarela e criador do Instituto Butantan; do indigenista Cândido Rondon. Há, também, lugar para Chico Mendes e Zuzu Angel, ambos vítimas de intolerância política, figurando junto a dois representantes da nossa música, Carlos Gomes e Heitor Villa-Lobos.

São alguns dos ícones da nossa História, como o Padre José de Anchieta, braço importante na política de colonização e catequização dos povos indígenas do Brasil, que figura ao lado do Frei Caneca, religioso, político e jornalista, herói da Revolução Pernambucana e mártir da chamada Confederação do Equador; Euclides da Cunha, escritor e jornalista, que, de maneira corajosa e profissional, presenciou e registrou a chamada Guerra de Canudos, deflagrada como reação federal ao movimento religioso e social liderado por Antônio Conselheiro, também constante do Livro; Henrique Dias, um filho de escravos, herói da Batalha dos Guararapes, e Felipe Camarão, militar de nacionalidade portuguesa, porém natural do Brasil, que também liderou os índios Potiguares e foi um dos combatentes nos Guararapes.

Historiadores brasileiros, como o jornalista Thales Guaracy, mencionam outra linhagem de personagens históricas esquecidas, que poderiam figurar, se não nos monumentos oficiais, pelo menos no julgamento daqueles que reconhecem seu importante protagonismo. Assim, saberíamos que existiram guerreiros entre os índios, como os caciques indígenas Cunhambebe, Pindobuçu, Parabuçu, Caiubi e a valente tribo dos Tupinambás, por exemplo, todos ferozes e aguerridos resistentes à violenta dominação portuguesa, entre os séculos XVI e XVII, no mesmo período em que os espanhóis Hernàn Cortez e Francisco Pizarro dizimavam civilizações indígenas na América Latina, incluindo grande parte da chamada América do Sul. Estas, por sua vez, produziam seus próprios heróis, como o asteca Montezuma, no México, Atahualpa, no Equador, e Túpac Yupanqui, no Peru. E a história norte-americana tem o dever de registrar os nomes dos chefes Donegawa, Nuvem Vermelha, Lobo Solitário, Touro Sentado, Corvo Pequeno, Pé Grande, entre outros heróis que lutaram e morreram defendendo os territórios indígenas da ambição colonialista dos europeus, disseminada entre os colonos ianques.

Todos temos e reverenciamos os nossos. Peço vênia para exaltar três heróis, fora das listas oficiais: a minha mãe, uma heroína, porque viveu no tempo em que ser casada era ser submissa ao marido, à família e a todos os cânones sociais; o cientista Paulo Freire, influente filósofo brasileiro de renome internacional, e o Padre João Maria, cuja vida missionária e pessoal foi totalmente dedicada a servir ao próximo em Natal.

 

 

 

 

 

 

Alberto da Hora – escritor, músico, cantor e regente de corais

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