EU NÃO TENHO IRMÃO –
Bom, na verdade, eu não tenho um irmão, eu tenho vários. E sou sinceramente grata por isto. Quem tem irmãos, tem anjos, enviados dos céus para nos acompanhar durante a vida. Para nos apoiar, nos aguentar, quando nem mesmo nós nos aguentamos, para segurar nossa mão quando estamos com medo, para nos amar e proteger. Pelo menos assim é comigo, e é assim que eu acredito que deva ser.
Quem recebeu a benção de ter bons (no meu caso, ótimos) irmãos, pode afirmar, sem sombra de dúvidas, que há brigas, desentendimentos, mas nunca desamor. Irmãos são as mãos do Criador abrindo nossos caminhos.
Nem sempre podemos dizer que a relação é boa, é cem por cento, mas o amor está ali, às vezes escondido sobre escombros de desavenças, às vezes esquecido, mas existe. Disto eu tenho certeza.
Brigamos, sim, nos desentendemos, é verdade, mas existe algo, além do sangue, que nos une. Existe um afeto desinteressado que fixa aquela pessoa, não nos álbuns de fotografias da infância, mas que marca, como diria Chico Buarque, “como tatuagem”. Um amor verdadeiro, gravado na alma em caixa alta, para que não precisemos de óculos para ver.
A vida é curta, mas as oportunidades que ela nos dá são infinitas e, assim como prezamos os percalços que nos fazem crescer e nos fortalecem, devemos prezar as chances que temos com cada um desses seres que foram colocados em nossos caminhos por alguma razão.
Do mesmo modo que tratamos bem os desconhecidos, que ajudamos sem ver a quem, devemos abrir os olhos e enxergar de fato os nossos irmãos. Companheiros de uma vida, que sabem tanto a nosso respeito quanto nós mesmos e, às vezes, até mais.
Este artigo é uma declaração de amor incondicional aos irmãos, sobretudo aos meus, que têm cuidado de mim e me confortado ao longo dos desencontros da minha jornada. E que cada um de nós sempre possa estar lá para olhar para os amados irmãos também.
E que sejam sempre abençoados os nossos irmãos.
Ana Luíza Rabelo Spencer, advogada ([email protected])