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Carlos Alberto Josuá Costa

“Esse seu olhar quando encontra o meu, fala de umas coisas que eu não posso acreditar…” (Tom Jobim)

 Ao entrar no metrô em Paris, na curiosidade de admirar as francesas parisienses, meu filho Gunther Josuá, foi logo me avisando: “- Papai, não olhe diretamente para as pessoas, pois aqui elas não gostam”. Retruquei imediatamente: – quer dizer que aqui não existe amor à primeira vista?!

Mas, olhemos em outra direção!

Dizem que um determinado dia, o pensamento e o olhar ficaram frente a frente e, silenciosamente se desafiaram. Instantes depois o pensamento, mesmo com toda a sua força rendeu-se às diversas formas que o olhar impunha.

Se prestarmos atenção, somos permanentemente envoltos por olhares, os mais diversos. E esses olhares exercem sobre nós uma influência que pode modificar nosso comportamento emocional, de tal forma a nos fazer refletir sobre o que aquele olhar quer nos “dizer”, ou que “atitude” tomar, a partir dessa empatia visual.

Quantos olhares diariamente se cruzam com o nosso, na maioria das vezes, brilhantes, sinceros, confiantes, desejosos, cheios de vida e também opacos, dissimulados, indiferentes, amargos, tristes, vagos, confusos.

Cada um desses olhares carrega uma vida experimentada na alegria, na bonança, na virtude, no exemplo positivo, na esperança, na vontade, na luta, assim como, no desamparo, na frustração, na tristeza, na desconfiança, na amargura, na desmotivação até pela própria vida.

O olhar tem idade! E em cada uma delas pode apresentar “facetas” para um mesmo estágio da vida.

Veja o olhar de uma criança. Acompanhe quanta variação esse olhar assume influenciado pela condição do meio que a acolhe. A “verdade” habita o olhar da criança. Se feliz, o olhar reluz. Se triste, o olhar denuncia. Não existe subterfúgio.

Esse olhar ao ir acumulando os tantos outros olhares que se cruzam com seu, se deixa modificar pela maneira como o olhar adulto se apresenta. A mudança é totalmente impregnada de ‘olhares marotos’, cheios de ‘meias verdades’ e repleta de “lentes” que transformam o olhar em permanentes incertezas.

É notório o antagonismo que o olhar adulto pode aparentar: sim – não, aceito – não aceito, concordo – não concordo; amo – não amo, gosto – não gosto, te escuto – não dou ouvidos, porém isso não tem sustentação para enganar indistintamente, pois o olhar está ligado diretamente ao coração. E como tal, carrega em si, mesmo que procure disfarçar, fragmentos de emoções que o denunciam.

O olhar é particular. É pessoal. É fundamental para perceber as diferenças. Cada olhar carrega a sua perspectiva. Assim, ao olhar o outro temos que entender que ele não é exatamente espelho e por tanto não posso sobrecarregá-lo com suposições ou projeções de minha realidade. Ele também tem a particularidade de seu olhar.

As melhores coisas da vida são vistas com o coração. Daí aqueles que por qualquer desígnio, ao ser privado da visão ocular, descarregarem na sensibilidade dos outros sentidos, o efeito que porventura não podem expressar no olhar.

Ouça o que um deles poderia te dizer: “Não tenho olhos; faço do brilho do sol a luz que ilumina meu caminho até você”.

Há quem veja sem enxergar e há quem enxergue sem ver.

Olhar o outro é entrega, mas olharmos para dentro de nós mesmos é grandeza de espírito: Exige um olhar sábio e corajoso.

Esse olhar há ser desnudado de desculpas para que ressurja dentro de nós a verdade de nosso próprio olhar.

Não detenha seu olhar apenas naquilo que aparenta ser “grandioso e brilhante”. Dê oportunidade às pequenas coisas, aos pequenos gestos, às pequenas atitudes, lançando sobre elas um olhar dócil, compreensivo e acolhedor.

Não dirija seu olhar exclusivamente para o que está dentro da botija, antes, deslumbre a beleza do próprio arco-íris.

Todo olhar carrega uma história.

Quero me encontrar no seu olhar.

Encante-se!

 “Ah, se eu pudesse entender o que dizem os seus olhos (Tom Jobim)

“Se você entendesse o meu olhar, viria para mim sem hesitar” (CAJCosta)

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])

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