ESPERANÇAS RENOVADAS –

No último dia de 2020, tive a oportunidade de ler um texto da lavra do incomparável Mário Quintana, escrito menos assim:

“Lá bem do alto do décimo segundo andar do ano, vive uma louca chamada esperança, e ela pensa que quando todas as sirenes, buzina e reco-recos tocarem, atira-se e, ó delicioso voo! Ela será encontrada miraculosamente incólume lá embaixo caída na calçada, outra vez criança… e em torno dela indagará o povo: – como é teu nome meninazinha de olhos verdes? E ela lhes dirá bem devagarzinho, para não ser esquecida:  – o meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…”

Meditando sobre o dito do exemplar Quintana, repassei em minha mente os tempos sombrios que ultimamente vivenciamos, as apreensões passadas, os doentes pelos quais choramos, pensei em minha mãe Marlene, que partiu para bem longe, miraculosamente sem nunca deixar o meu coração.

Me diverti com a diversidade de criaturas com as quais convivi, especial lembrança para os otimistas e os pessimistas, lembrei de alguns colegas que diariamente ligavam ou enviavam mensagens via whatsapp sempre questionando: – Sabe quem morreu? E de outros que mantinham contato somente para dizer: – me conte as notícias boas do dia!

Como dizia o poeta, “a esperança não murcha, ela não cansa. Também não sucumbe a crença, vão-se os sonhos nas asas da descrença, voltam os sonhos nas asas da esperança”.

Nesse mesmo pensar imaginei também sobre o muito que foi feito: produzimos, escrevemos, ficamos tristes em alguns momentos é bem verdade, mas tivemos a oportunidade de amadurecer, amar os merecedores de receber tal sentimento, sorrir, gritar, encantar-se com as belezas da natureza e acima de tudo, mesmo enclausurados, aprendemos a viver em coletividade.

Concluí que nesse período sombrio, apesar de permanecermos reservados, modificando rotinas, afastados de entes queridos, respiramos em abundância um tempo de amadurecimento, que somente vivenciamos por nos encontrar na trincheira de luta, que soubemos preparar durante o momento experimentado.

E 2021 chegou ainda trazendo incertezas uma vez que muitas criaturas, algumas até privando do seu e do meu convívio, resolvem socializar, esquecendo que apesar de tudo, toda a alegria sublime começa com a necessidade de levar a sério a si próprio, ante situações que exigem seu comportamento como pessoa crente em agradecer sempre cada dia vivido como uma autêntica data festiva.

Assim, você meu leitor, por maior que seja a dificuldade pela qual esteja passando, não desanime. Confie, mantendo a fé e a esperança. Não esqueça: Deus não oferece uma cruz mais pesada daquela que podemos carregar.

Imperativo nunca faltar esperança a quem tem sonhos maiores que a própria vida. Estaremos juntos em 2021.

 

 

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

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