ERRAR É HUMANO –

Todos conhecem o ditado acima, mas, por mais que se tente, é muito difícil para a maioria de nós assumirmos um erro. Coisas simples, falhas bobas que só dizem respeito a nós mesmos e, ainda assim, é difícil. Num mundo caótico, onde tempo é dinheiro e decisões diversas devem ser tomadas no calor do debate, nós, muitas vezes, escorregamos. Quando os resultados vêm e nos mostram que aquela decisão não foi a mais correta, temos a sensação de que um grande balde de água gelada foi despejado sobre as nossas cabeças. Algumas vezes disfarçamos, olhamos de lado tentando fugir ou negar a responsabilidade, o que nem sempre é possível. Então, o que resta é assumir a falha, sacudir a poeira e tentar “remendar” a situação.

O que esquecemos sempre é que nunca errou apenas aquele que nunca tomou uma decisão. Escolhas são assim. Cinquenta por cento de chance de errar, cinquenta por cento de chance de acertar. Esquecemos que somos humanos, que não prevemos o futuro, nem somos capazes de alterar o passado. Esquecemos que todos estão sujeitos às falhas, esquecemos de ser condescendentes com quem errou e esperamos condescendência quando chega a nossa vez. Esquecemos que viver é um risco e que cada passo dado é uma escolha.

Precisamos acordar todos os dias sabendo que tudo pode mudar para cada um de nós, e que mudanças nem sempre são ruins, elas são apenas diferentes do esperávamos. Muitas vezes é a falha que leva ao sucesso. Como quando da descoberta das Américas. O que Portugal esperava era uma nova rota marítima para se chegar às Índias, mas os resultados das expedições os trouxeram para o Novo Mundo. Algumas drogas que trouxeram benefícios à humanidade foram descobertas por falhas durante a pesquisa. Nunca se deve subestimar a importância do erro e dos ensinamentos que ele nos traz.

O mundo não é apenas preto e branco e, para conhecê-lo e consequentemente acertar nas escolhas que devemos tomar, é preciso conhecer os tons de cinza, “é preciso chuva para florir”. Somente quem se dispõe a viver se dispõe a tentar e “a melhor forma de conhecer o vinho bom é ter provado o vinho ruim”. Escrevemos tanto sobre tentativas, erros e acertos ao longo da história, mas esquecemos que é a coragem que nos faz capazes de acertar.

Todos os dias tomamos decisões que afetam o nosso futuro e é assim que deve ser, sempre seguindo em frente, enfrentando os obstáculos, reconhecendo os erros e tentando não repeti-los. Essa é a única forma de se viver e é uma importante lição que devemos, apesar dos percalços, aprender. Nem todo chute na trave é gol, mas aprender como fazê-los e comemorar cada um deles faz parte da nossa jornada.

 

Ana Luíza Rabelo Spenceradvogada ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *