EM CIMA DO PAU DE SEBO –

Jesualdo contou que Germínia, continuava sem possuir celular e por tal razão, optando sempre por escrever cartas.

E na última ela contou que continuava em Caicó, no Rio Grande do Norte, terra encravada no sertão, onde fazia tanto calor, que adorava conversar com pessoas acostumadas a falar cuspindo, só assim refrescava um pouco.

Avisou também que resolveu passar uns tempos em Miami, iria encontrar o americano que conhecera meses antes quando passara uns tempos vendendo água de torneira como se mineral fosse, entre Delmiro Gouveia, Xingó e Paulo Afonso, na Bahia.

Ela gabava-se ser o gringo do tipo que ela gostava… um verdadeiro homem mandão. Nos poucos dias em que estiveram juntos, ele lhe mandou flores, chocolate, presentes e agora já de volta aos States tinha lhe enviado dólares, para a viagem.

Jesualdo já sabia que Germínia possuía passaporte com visto válido, mas se preocupava pois o certificado de vacinação era o que havia conseguido em uma gráfica de ponta de rua existente no bairro do Benedito Bentes, quando ainda estava em Maceió.

Germínia contou finalmente haver viajado, com escala na cidade do México, onde ficou em quarentena por duas semanas. Lá chegando, hospedou-se em uma pensão com mais cinco pessoas no mesmo quarto.

Na primeira noite, teve uma desinteira enorme e mesmo com todas as luzes apagadas, pé ante pé caminhou pelo corredor até o sanitário. Ao chegar nas proximidades do vaso, antes de sentar, foi logo defecando, sem notar, devido a escuridão, que ali já se encontrava uma outra cidadã fazendo xixi. O maior escândalo. A gringa ficou suja de “chocolate pastoso e fedorento” desde os peitos até o joelho. Dia seguinte teve que mudar de alojamento.

Ao chegar em Miami, encontrou o apaixonado descendente de Tio Sam. Foi amor para duzentos anos em uma noite só.

Colocando em dia a saudade, descobriu que o seu novo companheiro vivia de bicos… não tinha emprego. Então ela o convenceu a juntos instalarem na praia, um mastro engraxado ou seja, pau de sebo. Ela ficaria sentada lá em cima só de biquíni, sendo oferecida como prêmio para o candidato que conseguisse superar o desafio. Dez dólares cada tentativa.

No primeiro mês, nunca ganharam tanto dinheiro e ninguém ainda tinha conseguido manter contato dermal com o sonhado corpo de Germínia.

Eis que por lá apareceu um brasileiro nativo de Mar Vermelho, em Alagoas, posicionado na fila, somente olhando o fracasso dos interessados. Quando chegou a sua vez, se lambuzou todo de areia e começou a escalada. Minutos depois chegou até Germínia, que espantada lhe cumprimentou: – Helooo…  e ele respondeu em português nordestino: – relei sim, mas agora quero usufruir de “ocê”.

Depois disso, o negócio de Germínia com o namorado fracassou, pois todos descobriram o segredo de como subir no pau de sebo.

Agora, falou Jesualdo para mim, estou esperando novas notícias de Germínia.

 

 

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

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