Autoridades egípcias estão considerando a possibilidade de banir a Irmandade Muçulmana, afirmou ontem (18) um porta-voz do governo, num gesto que mais uma vez deixaria à margem da lei um grupo que estava no poder há apenas pouco mais de um mês. O anúncio veio depois de forças de segurança desfazerem na última quarta-feira dois acampamentos de manifestantes que pediam a reintegração do presidente Mohammed Morsi, um líder da Irmandade que foi deposto num golpe de Estado em 3 de julho.

Conflitos entre policiais e simpatizantes de Morsi causaram quase 800 mortes no Egito nos últimos dias, 173 das quais apenas nas últimas 24 horas. O porta-voz do gabinete egípcio, Sherif Shawki, informou que o primeiro-ministro Hazem el-Beblawi, que lidera o atual governo apoiado por militares, atribuiu ao Ministério da Solidariedade Social a tarefa de estudar formas legais de dissolver o grupo. Shawki não deu mais detalhes sobre a iniciativa.

Fundada em 1928, a Irmandade Muçulmana chegou ao poder há um ano, quando Morsi foi eleito na primeira votação livre do país. A eleição ocorreu após a derrubada do ex-ditador Hosni Mubarak por um levante popular, em 2011. O grupo fundamentalista islâmico foi proscrito durante a maior parte da sua história de 80 anos e submetido a sanções durante o governo de Mubarak. Desde a deposição de Morsi, seguidores da Irmandade vêm intensificando os enfrentamentos com forças da nova liderança. Os islâmicos convocaram uma semana de protestos contra o governo, em desafio ao estado de emergência recentemente declarado no país.

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