ECOLOGIA E PAISAGISMO – 

Ecologista é quem sente e age inspirado na ética e estética da natureza. A ética natural e ambiental consiste na relação harmoniosa entre o homem e seu ambiente, interagindo consciente de sua interdependência. A estética é estimulante do gosto pelo belo. Com toda a certeza, Roberto Burle Marx (1909 – 1994), notabilizado por ser pioneiro do paisagismo, foi um amante da natureza e praticante ecologista. Múltiplo genial, foi arquiteto, pintor, desenhista, designer, cantor e um excelente barítono. A sua brasilidade serve de exemplo às novas gerações.

Filho de um alemão e uma pernambucana (Wilhelm e Cecília), viveu a maior parte de sua vida no Rio de janeiro. Com problema de visão, o jovem Roberto foi levado por seus pais para tratamento na Alemanha. Sua mãe, pianista e cantora, levou-o a assistir óperas. Nos dois anos passados na Europa, apreciou movimentos artísticos de Pablo Picasso, Henri Matisse e Van Gogh.

De volta, no Recife, criou jardins e paisagens arborizadas, com invenção de um jardim de cactos. Paisagista do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, frequentou a Escola de Belas Artes. Amigo e parceiro de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, participou da urbanização de Brasília, inclusive no Eixo Monumental e no Palácio do Itamaraty. Em São Paulo, Burle Marx é o responsável pelo paisagismo do Parque do Ibirapuera. No Rio, projetou um terraço jardim, um palácio construído para o MEC, conhecido como Gustavo Capanema. Nesse sentido, aliou-se aos maiores arquitetos brasileiros que fizeram o Marco inaugural da nossa arquitetura moderna. Uma curiosidade: nesse prédio foi feito o Monumento à Juventude Brasileira. O natalense por amor e formação, José Mauro de Vasconcelos, serviu de modelo à bela escultura de Bruno Giorgi.

O mais definitivo de sua vasta obra universal foi o chamado Sítio Burle Marx, repleto de jardins tropicais,  sinuosos, de palmeiras e árvores. Lá está o que ele coletou de melhor dos biomas da Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado. Da sua pesquisa, constam 52 plantas desconhecidas até então, sendo que mais de 20 ganharam seu nome. Encanta ao visitante todas as plantas, gramado, flores, arbustos, árvores e palmeiras. Tudo disposto como obra de arte, como um quadro pintado com vegetação, formas, cores, texturas e aromas. As singulares palmeiras exibem a sua verticalidade e folhagem magnífica. Lembram-nos o poema de José Juan Tablada: “Erigiu uma coluna / a palmeira arquitetônica e suas folhas / projetam já a cúpula”.

Natal sofreu sua forte influência. No governo Cortez Pereira foi idealizada a Via Costeira, ligando as praias de Areia Preta à Ponta Negra. O Plano Diretor da Cidade (1974) teve o implemento da nova rota, destinada ao turismo, que foi pesadamente questionada pela imprensa. Seria prejudicial à preservação das dunas. O então Secretário do Planejamento do Estado, Esequias Pegado Cortez Neto, contratou Burle Marx para harmonizar o projeto do arquiteto Luiz Forte Neto. O notável paisagista provou que a Via protegeria as dunas de invasões predatórias. Natal ganhou a bela, útil e produtiva avenida Dinarte Mariz.

 

 

 

 

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

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