DONA SILVIA –

Imagino que depois de mortos teremos uma vida melhor, por isto Imagino a chegada de Dona Silvia no Céu, ela bem mais jovem, correndo em um campo de lírios brancos e Odeman seu esposo vindo ao seu encontro e perguntando pelos filhos, netos e o resto da família que ela deixou por aqui,  “seus filhos adotivos” da Confeitaria Atheneu.

Ela sentia uma saudade muito grande do seu esposo, sempre falava nele, e eu, na oportunidade, sempre falava em nossas brincadeiras. Carinhosamente me chamava de Guguinha e minha esposa Alzirinha.

Dona Silvia e Odeman conduziram a Confeitaria Atheneu de modo afazer uma grande confraria e conseguiram, fizeram de lá a extensão das nossas casas.

Na quarta feira, era uma longa mesa em que se misturavam moças, senhoras, rapazes, senhores. Ficávamos até tarde da noite, e quando Moacyr Gomes cantava belos tangos acompanhado pelo violão de Tita dos Canaviais ficávamos até as primeiras horas do dia, ela  atendendo carinhosamente  a todos.

Nunca vi Dona Silvia com raiva,  às vezes nervosa, quando alguma coisa não dava certo, e com algumas brincadeiras dos seus “filhos adotivos.”

Conheci Odeman ainda pequeno quando ele jogava pelo América. Morava na Afonso Pena e eu na Rua Mossoró e fiz amizade com Olírio seu irmão. Começaram com uma pequena mercearia na Rua Assu, depois foram para a esquina da Rua Assu com a Avenida Afonso Pena, uma mercearia maior. Na época, atendia aos bairros de Tirol e Petrópolis. Com  muita luta os dois chegaram a Confeitaria  Atheneu onde até hoje estão os seus filhos.

O tempo passa e com ele vamos caminhando, os nossos passos deixando as nossas marcas, Dona Silvia caminhou, deixou marcas de bondade, de carinho, de afeição.

Nos últimos dias de vida não pude lhe abraçar, mas estava sempre em contato com seus filhos, louco para ouvir: Mãezinha está bem, está indo para casa, Não ouvi, mas ouvi no seu velório lindas palavras de seus filhos como quem me dizia: Guga Mãezinha não partiu apenas o corpo, ela sempre viverá dentro de nós.

Amiguinha querida, digo o mesmo que seus filhos, você estará sempre presente em nossos em nossos corações.

 

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

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