DEUS É O LOBO DO HOMEM –

O filósofo inglês Thomas Hobbes (1588/1679) disse que “o homem é o lobo do homem”. Na concepção desse filósofo, dentro do que ele chama de “Estado de Natureza”, os homens são perfeitamente iguais, desejam as mesmas coisas, de modo que possuem as mesmas necessidades e ambições, com o mesmo instinto de autopreservação. É um estado onde ninguém deve confiar em ninguém. Por essa razão, o resultado do “Estado Natural” é o conflito, a guerra (destruir ou ser destruído). Ou seja, segundo Hobbes, as guerras existem porque os homens, seres iguais no seu egoísmo, fazem com que a ação de um só seja limitada pela força do outro. Nesse Estado, o “Direito Natural”, é o direito em que cada ser usar o seu poder para se autopreservar e, assim, realizar seus desejos.

Mas Hobbes se enganou na única coisa que todas as religiões concordam. O homem é perfeito, puro, feito à imagem e semelhança de seu Deus, ou seja, nós somos os nossos próprios Deuses. Que, assim como os foram os do Olimpo, ainda temos muito o que aprender ou relembrar, mas, no fundo, o que é certo e bom está no nosso âmago.

A questão crucial de “esquecermos” ou deixarmos de “lado” essa bondade e pureza a partir da qual formos criados é uma leve “síndrome de Frankenstein”, onde a criatura se volta contra o criador para culpar-lhe por seus erros e defeitos pessoais. De modo que se somos forjados à imagem e semelhança do nosso Deus (independente de qual for ele) usaremos nosso livre-arbítrio para culpá-lo pelas falhas de caráter que porventura adquirimos no caminho da jornada, ao invés de buscar imitá-lo em sua perfeição.

Por que não tomar as rédeas de nossa própria vida se podemos rir, colocando a culpa do erro no outro, ainda mais num ser supremo, que não pode vir tomar as contas conosco, por que não nos fazermos de vítima, pobrezinhos, por toda uma vida, sendo marionetes “daquele Senhor mal” que com certeza “está de marcação comigo? Assim como Sofia, personagem de “O Mundo de Sofia”, que desafiou o seu criador e fugiu para um mundo próprio, nós nos rebelamos dia após dia procurando passar adiante “a batata quente” da vida sem tentar esfriá-la e descascá-la.

Esqueça já esta atitude. Lembre-se que, se Deus está lá em cima, o seu Deus está dentro de você, reaja e ele reagirá com você e para você. Você pode até ser a marionete, mas também é o cara que mexe os cordões. Nunca esqueça disso.

 

Ana Luíza Rabelo Spenceradvogada ([email protected])

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