DESFAZER –

Por mera curiosidade procurei saber o significado da palavra PUTIN, isso mesmo, o sobrenome do mandatário da Rússia, Vladimir Putin. Fiquei estarrecido com a descoberta, o vocábulo Putin no idioma russo significa DESFAZER. O mesmo que Demolir, Desmanchar, Desmantelar, Destruir, Anular, Eliminar, Exterminar.

Como interpretar essa triste coincidência com o que acontece agora na Ucrânia, a segunda nação em extensão territorial do continente europeu, menor apenas que a Rússia. Vladimir Putin governa o país há quase 20 anos num regime considerado semipresidencialista. Diz-se existir liberdade de expressão, porém não é o que se observa nas manifestações contra a guerra com a Ucrânia, onde são detidos ou condenados os que se opõem à intervenção militar em curso.

Enquanto isso Vladimir como não conseguiu dominar, de imediato, o território membro da antiga União Soviética, se deleita em “demolir” escolas, hospitais e orfanatos; “desmanchar” a organização político-democrática do país; “desmantelar” as vias de abastecimento e de comunicação; “destruir” a memória recente e pretérita da nação; “anular” o espírito de luta do povo; “eliminar” o poderio militar; e, “exterminar” a todos que se opuserem a anexação do solo ucraniano à Rússia.

As ações de Vladimir Putin obrigaram, até agora, 10 milhões de ucranianos a deixarem os seus lares para tentarem abrigo em porões e estações de metrô desativados, e em países vizinhos que já não acomodam as levas de refugiados, porquanto não possuírem condições materiais para acolher a todos.

Creio não ser essa a vontade da maioria do povo da Rússia que nunca se sentiu ameaçado por ninguém, e muito menos pelos irmãos de sangue da Ucrânia. Comovo-me a cada instante ante a crueza da guerra, e me imagino passando por situação semelhante, possuído do mesmo temor e incerteza de futuro que vejo na face de cada ucraniano expatriado.

Certamente, 2022 não será um ano fácil para o planeta em razão da inflação elevada e da escassez de alguns alimentos básicos, e de combustíveis – gás e petróleo oriundos da Rússia, e trigo e milho das lavouras da Ucrânia. Insumos essenciais para o equilíbrio econômico das nações europeias, hoje, produzidos e fornecidos em larga escala, por ambas as nações em atrito.

Esse é um dos inibidores no contexto do conflito no que tange a utilização de atitudes militares extremas partindo de países apoiadores da Ucrânia -lógico, que atentos ao grande potencial bélico de ogivas nucleares estocadas nos paióis da Rússia. Todavia, pensar nessa assustadora solução será admitir que uma outra guerra mundial, se houver, ser combatida apenas com paus e pedras – segundo observou meu sobrinho, Lauro Otacílio.

Não acredito nas interpretações que analistas tentam inserir nas profecias de Nostradamus no tocante ao conflito atual; nem no viés alarmista para a proximidade do Apocalipse. Para os interpretadores das palavras da Bíblia Sagrada, basta lembrar o que diz o apóstolo Mateus: “Quanto ao dia e a hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai.”

Não antevejo qualquer solução de paz imediata considerando o espírito beligerante, desumano e autoritário do mandatário russo. Tampouco algum pacto que contrarie a sua sede expansionista latente. Só me vem à cabeça algo que caiba no adágio popular, que profetiza: Nada está tão ruim que não possa piorar!

 

 

 

 

 

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro Civil

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