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Carlos Alberto Josuá Costa

O toque no smartphone indicava que mais uma mensagem acabara de chegar e com a curiosidade que me é peculiar, fui checar: “… fiquei ‘encucado’ com uma coisa e você como meu guru poderá me ajudar a pensar. Pode-se considerar ainda com amigo, alguém que deliberadamente lhe exclui do Facebook?”.

Fiquei lisonjeado com a ‘gurutância’, mas a tal pergunta não quis ficar sem resposta, e fui em de busca de segurança para atender o “grito da dúvida” que a mensagem do amigo Jorge de Castro portava.

Em que base esta amizade foi construída? São efetivas e afetivas de fato? São confiáveis?

 Para se construir qualquer tipo de relação, ela tem que ser fundamentada em bases que prosperem, proporcionando um lastro firme para ‘pisar’ com segurança e confiança.  Isso indica bom senso para aqueles que percebem que as relações humanas não estão, ali, prontas para o “consumo”. É preciso ir ‘engatando’ a engrenagem dos sentimentos, das emoções, das diferenças pessoais, do respeito, e mais ainda da remodelagem de atitudes em relação ao outro.

Dar credibilidade para que as relações funcionem é de responsabilidade dos dois ‘lados’.  Pela facilidade com que tantas pessoas se colocam como “desejo ser seu amigo”, aparenta ter ficado à margem o fundamental: um pouco de verdade – para não ser tão rigoroso.  Falta o compromisso de aprofundar o que realmente significa “ser amigo”.  Sem dúvida, está tudo ‘misturado’: “Ah! Eu sei quem é!” Então vou adicioná-lo como amigo. Mas por quê?

Certamente porque é amigo do meu amigo e, portanto posso adicioná-lo também como meu amigo. Ai é que está o grande “erro”. Afinal tudo indica que quanto mais se agrega novas ‘amizades’, fica-se mais ‘poderoso’, pois a quantidade de “amigos” cresce exponencialmente.

O que precisa compreender é que isso é apenas uma rede de contato e não um compromisso de se tornar “amigo” no amplo sentido de “ser amigo”.

Então essa “felicidade”, por ter tantos “amigos”, não espelha a realidade que se sustenta pela cumplicidade da verdadeira amizade, fecunda em cuidados e atenção entre as pessoas.

Daí se sujeita a duas situações delicadas: (1) escrevem (falam) o que pensam, expondo a sua verdade, sem se importar com os sentimentos (muitas vezes não conhecidos) dos chamados “amigos” ou (2) se melindram em testar letra por letra para que a mensagem não fira os brios do aparente amigo, o que torna vulnerável as relações até então “perfeitas”.

Assume-se também o dom de ser o controlador do grupo de amizades e sem respeitar as individualidades, as preferências, e como que protegido pela distância digital entope de comentários e mensagem sem a devida crítica, esperando, talvez, que todos concorde com ele.

Mas não é assim. Precisamos aprender a valorizar o real sentido de uma amizade, onde os valores éticos e respeitosos sejam o ditame de cultivar um amigo acima das coisas fúteis e constrangedoras.

As relações entre as pessoas por meio do Facebook estão cada vez mais melindrosas e quanto maior a interação entre dois amigos na rede social, pior é a sensação quando um deles ‘apaga’ o outro.

Assim as ‘amizades’ desfeitas – pelo fato de ser deletado – acontecem, possivelmente, em algo gerado na vida real, deixando a pessoa confusa e questionativa sobre os motivos que levaram os dito “amigos” se livrar dele ou dela.

Como assim?

É que as causas desse rompimento virtual quase sempre são devidas a visões extremistas, o excesso de mensagens e os comentários maliciosos direcionados a outros indivíduos.

Isso fere o conceito até então formado em bases ‘frágeis’, aumentando a percepção negativa dos amigos desfazendo aquela amizade virtual, erguendo certas barreiras para a amizade verdadeira, fora das redes sociais.

Vejamos estas opiniões, obtidas de uma das redes sociais da qual faço parte – “Tropa”:

            Lisa: “Já deletei gente chata no face, gente que não conheço, e aqueles que postam coisas com as quais não concordo. Entre reclamar e deletar, a segunda é mais cômoda. Faço de vez enquanto uma “faxina” daqueles que não tenho muito contato e nem me lembro quem eram”.

            Yara: “Acho delicado, porque as pessoas excluem as outras de suas redes sociais por vários motivos. Tipo, alguém pode me excluir porque não me vê ou não conversa comigo há tempos. Ou pode ser porque se chateou com você, ou ainda sem nenhum motivo, apenas excluiu. Ou ainda pode achar minhas postagens chatas.”.

            Cris: “Não exclui alguns porque não aprendi, ainda, como fazer. Tem muitos que adicionei e me arrependi”.

            Giu (copiada por Airton): “Todos os dias adicionamos e somos adicionados. Ser excluída por amigos queridos machuca da mesma forma que quando brigamos com pessoas queridas. Ser excluída faz parte do processo de construção das redes sociais. Confesso que não fui excluída e se fui não notei. As redes sociais imitam a vida real. Excluir vai depender do quanto ela dialoga com nossa realidade”.

Portanto, podemos perceber ser natural selecionar as amizades tal como se faz na vida real. Quanto mais consistência tiver estas relações, melhores e mais seguras serão as relações interpessoais. Seja base sólida e verá que é gratificante construir amizades duradouras.

Revisar então a sua lista de “amigos” dará a você mais liberdade em não substituir uma amizade real por uma virtual.

Assim, prezado Jorge, bom mesmo é regar as amizades com algo que nos façam crescer e nos tornarem pessoas melhores.

Pronto. Fui deletado!

 Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])

 

 

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