DE UM ANO PRA CÁ… –

Há pouco mais de um ano, fomos surpreendidos pela chegada “oficial” da pandemia no nosso país. A princípio, nos resguardamos pelo medo. Alimentamos angústia, mudamos hábitos, reinventamos a nós mesmos.

Lembro, sem nostalgia, de momentos que contaremos aos nossos netos e que mostram a ferocidade e egoísmo do ser humano. Da falta de papel higiênico, da alta do preço do álcool em gel, do sumiço das máscaras do mercado. Lembro das tardes em frente a televisão aguardando os boletins do ministério da saúde…

A economia mudou, nossos empregos mudaram, nosso lazer se transformou em algo mais simples, em viver o momento, em estar com saúde. Aprendemos a cozinhar, a dar aula aos filhos, a dar mais valor aos professores e médicos, a ter respeito dobrado por todo profissional que se arriscava saindo de sua casa enquanto estávamos guardados na nossa.

Entre ‘ups and donws’, convivemos com a saudade, o enclausuramento, a perda, a cura, a vacina… estamos escapando, mas a que custo? O que além dos abraços e dos sorrisos essa nova rotina tem cobrado de nós?
Mais tempo em casa, mais tempo para pensar, para se conhecer e descobrir que não nos conhecíamos. Mais tempo na internet, no jardim, na aula online, no psicólogo. Tempo. Essa tem sido a palavra-chave.

Verdade que não podemos estar na presença daqueles que gostaríamos, mas podemos estar presentes. Existe uma diferença aí, sabe? Durante a infância de alguns de nós, uma ligação telefônica com imagem pertencia a um futuro distante, como no desenho dos Jetsons, e hoje temos acesso a essa tecnologia (ou mágica?) que nos mantêm próximos daqueles que amamos quando não podemos ser presentes.

Precisamos continuar fortes por mais um tempo, enviar nosso amor através do telefone, sair apenas quando necessário, tomando todos os cuidados para, enfim, juntos, superarmos tudo isso.

 

 

 

 

Ana Luíza Rabelo Spenceradvogada ([email protected])

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