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DE BOAS INTENÇÕES… –

Todo mundo gosta de dizer que de boas intenções o inferno está cheio. Não sou muito de concordar com essa afirmativa, primeiro porque tenho uma teoria a respeito de inferno: se a pessoa não acredita em Deus, e, quando morrer, acabou-se, então não tem céu e, consequentemente, também não existe inferno. Segundo, se a pessoa acredita em Deus, esse mesmo Deus deve ser de força, bondade e amor sem fim, além de onipresente, onipotente e onisciente, de modo que, para ser possível existir inferno, esse Deus ou não é tão bom (que não tem pena de nós), ou não é tão forte (que não derrota o “inimigo”).

Dentro dos meus longos momentos de abstração, penso nisso e em mais uma coisa: “o que vale é a intenção”. Ninguém neste plano pode me responder tantas dúvidas, sem sombra de dúvida. Assim, eu fico com a alternativa “B”: a intenção, o desejo, o que vai dentro de cada um, é o que vale para comprovar se a ação valeu ou não.

Imagine que você está em uma festa e vai buscar um refresco para uma pessoa que não vê há muito tempo. No caminho, na pressa, na vontade de “colocar o papo em dia”, você cai, tropeça, esbarra e derrama o líquido em alguém, literalmente “liquidando” o vestuário do próximo. Como é o nome disso? Maldade, grosseria, falta de cuidado ou simplesmente um acidente? Agora imagine que a pessoa molhada e você não se dão bem… que saia justa!  Porém, o que se há de fazer num momento como esse? Pedir as mais sinceras desculpas e tentar, ao máximo, reparar o dano, só.

Você tinha a melhor das intenções, de rever uma pessoa querida, mas, no percurso, cometeu uma falha que prejudicou outra pessoa. Cultive agora uma palavra no dicionário da sua vida e não deixe que ela morra nunca: humildade. Assim como Jesus Cristo lavou os pés de seus apóstolos para ensinar que ser humilde não é humilhante, é nesse momento que você abaixa a cabeça e assume a autoria do erro, propondo-se a repará-lo. Foi pelo mesmo motivo que ele nos disse que o rosto tem duas faces.

A vida por si só já tem meios para ensinar-nos como reconhecer no outro o valor que dedicamos a nós mesmos e, tenhamos vindo do macaco ou do barro, não importa, viemos juntos, somos iguais. Importante lembrar que é impossível amar ao próximo quando não se aprendeu a amar a si, a respeitar a si. Somos todos estudantes, teimosos em aprender, desejosos por repetir de ano apenas por que ainda não conhecemos os alunos da segunda série.

Ana Luíza Rabelo Spencer, advogada ([email protected])

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