CORROMPI OU FUI CORROMPIDO ? –

Todos os dias, toda semana, todos os anos, ouve-se falar em corrupção por parte dos políticos deste país. Sem o intuito de querer defender a maioria deles, mas para    ter-se uma opinião realista e verdadeira a respeito de alguma coisa, é preciso não generalizar. Nem tudo é farinha do mesmo saco. Há políticos corruptos e inescrupulosos, que literalmente roubam da boca de crianças, mas também há políticos engajados e interessados no bem-estar de seus eleitores e no crescimento de sua cidade, estado ou mesmo deste país. Os cidadãos têm por hábito comentar entre si que “o político” só aparece a cada quatro anos para aproveitar-se da necessidade e ingenuidade do eleitor e que após a diplomação desaparecem sem dizer, pelo menos, um obrigado.

Acontece, porém, uma coisa que, além de não ser comentada, é brutalmente ignorada por todos os brasileiros. A isto dou o nome de corrupção cidadã, na qual o pretenso eleitor “vende, troca, aluga ou empresta” seu voto para “quem der mais”. É um verdadeiro leilão no qual todos perdem. O bom político perde votos e a cidade perde um administrador mais capaz. Apenas a corrupção bilateral vence. O mau cidadão literalmente joga fora o seu valor, seu voto, entregando-o a um mau político que, seguindo uma cadeia irregular e amoral, porém lógica, some e esquece as promessas feitas durante a campanha, visto que ele pagou pelos votos que obteve, portanto não existe mais o compromisso que havia sido firmado durante a campanha.

Nesse contexto, não há como voltar atrás e exigir honestidade e fidelidade. Foi feita a compra, o pagamento foi efetuado e, em troca de pequenos favores pessoais, toda a população perde o respeito e por consequência o direito moral de exigência perante aquele que foi legalmente eleito para o bem comum.

Não deve o “mau eleitor”, aquele que se torna corrupto e age como os índios durante a colonização, trocando ouro (ou votos) por cacarecos (ou, modernamente falando, empregos, carteiras de identidade, motorista, reformas de casas, contas de água, luz, IPVA e demais bagatelas eleitoreiras), culpar o sumiço do mau político.

Não é possível que se submeta à ingerência uma cidade, estado ou país, nem que seu povo sofra as consequências de uma corrupção geralmente denominada de “jeitinho brasileiro” ou “toma lá, dá cá”.

Deve-se fazer uma limpeza no quadro político nacional, mas é de suma importância que sejamos nós, cidadãos e donos do poder de eleger e exigir, os primeiros a repensar e principalmente a mudar, pois, diante de uma mudança significativa por parte do eleitorado, os maus políticos entenderão que apenas através da verdade, da lealdade e do compromisso assumido e cumprido que o poder que lhes foi outrora outorgado o será novamente. Então, mãos à obra para que saiamos da mentalidade de colonizados para uma visão real e perfeita do sentido literal da democracia.

 DE.MO.CRA.CI.A s.f. 1 Governo do povo, soberania popular. 2 Sistema de governo que se caracteriza pela liberdade do ato eleitoral, pela divisão dos poderes e pelo controle da autoridade. 3 Democracia popular: designação que a si mesmos se arrogam os Estados socialistas.

CI.DA.DÃO s.m. 1 O que habita uma cidade. 2 Indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado. ■ Pl. cidadãos. Fem. cidadã(s) e cidadoa(s).

Se aprendermos e aplicarmos estes vocábulos no nosso cotidiano, já estaremos a um passo de conhecermos seus verdadeiros sentidos.

 

Ana Luíza Rabelo Spenceradvogada ([email protected])

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