CONSTELAÇÃO MULHER –
Tamara Baroni não era apenas uma estrela. Era, sim, toda uma constelação.
Nascida em Parma, Itália, por sua beleza singular, tornou-se modelo muito cedo, inclusive de grifes famosas como Max Mara, Colgate in Tv, Faber, etc. Desejada era a quase menina pelo olhar dos homens. Um amigo de seu pai tentou violentá-la.
Estrela cintilante de seis filmes, em que exibia bastante erotismo. Na Alemanha, fez sucesso com a comédia “Champanhe para o Quarto 17”. Poeta e escritora, teve participação especial no teatro e na tevê. Um escândalo dominou a sociedade italiana quando identificada como amante do milionário italiano Pierluigi Bormioli, o mais poderoso empresário da indústria de vidro. Passou a frequentar salões e festas, embalada na dolce vitta. O romance terminou mal ao tentarem matar a esposa dele. Tamara foi acusada, passou 49 dias na cadeia e foi liberada quando descobriram o verdadeiro culpado, um componente da máfia.
Sentindo-se humilhada, por danos pessoais e morais, moveu ação judicial e recebeu a indenização de milhões.
Ao visitar o Brasil com o seu companheiro Gianni Garbellini e seus dois filhos, escolheu Natal para viver.
Logo fizemos amizade. Fui seu padrinho de casamento. Aqui nasceu Marco, ao lado dos irmãos Sara e Ciro. O filho natalense é advogado militante e os outros, apesar de também advogados, exercem outras profissões.
Construiu sólidas amizades, entre as quais o poeta ítalo- brasileiro Franco Jasiello, Rejane e Vicente Serejo. Este lhe dedicou saudosa e expressiva crônica.
Em uma área de mais de dez mil metros quadrados, em Parnamirim, construíram uma bela residência. Tamara criou uma escola de equitação. Os primeiros animais foram um veloz cavalo e uma bela égua. Fiel à sua dimensão cultural, a empresária deu-lhes os nomes de Pégasus, o cavalo alado da mitologia grega, e Desirée, que significa a desejada. É também o nome da personagem rainha consorte do Reino Unido, Suécia e Groelândia,
namorada de Napoleão Bonaparte.
Minha amiga convidou-me a escrever com ela a sua autobiografia. Revelou-me segredos e histórias de sua vida. Prometi fazê-lo. Desisti e indiquei Nei Leandro de Castro, que se entusiasmou e depois desistiu também. Após a sua morte, li em jornais da Itália e Roma que ela havia escrito a sua autobiografia. Inédita, pretendo fazer uma edição bilingue.
Os livros por ela escritos são testemunho da sua vida, do seu tempo e da mais alta fantasia. “Constelação Mulher”, publicado em português, é apreciação poética de mulheres tão extraordinárias como Anita Garibaldi, Cleópatra, a portuguesa-brasileira Carmem Miranda, a nossa mulher-baobá Nísia Floresta, a mítica Mata-Hari,
a guilhotinada Maria Antonieta, Safo. Começa o seu louvor à mãe de todos os viventes, que foi inventada para dar o paraíso ao homem.
No céu noturno da memória, de brasileiros e italianos, é possível vislumbrar essa mulher-constelação que marcou a sua existência e a dos seus, viveu intensamente e foi humana, demasiadamente humana.
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN