Finalmente aconteceu, depois de todos esses anos sendo investigado, o Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu foi indiciado nessa quinta-feira (21) pelos crimes de suborno, fraude e quebra de confiança pelo Procurador-Geral de Israel, Avichai Mandelblit, informou a Reuters. A decisão da procuradoria foi anunciada em um comunicado. Netanyahu, que negou irregularidades em três casos de corrupção, não tem obrigação legal de renunciar após ser acusado – somente se for condenado. Inclusive ele já se pronunciou na TV, Netanyahu disse que o indiciamento equivale a uma tentativa de golpe contra ele e que a investigação foi irregular. “Eles não estavam atrás da verdade, estavam atrás de mim”, afirmou. “Este é um dia triste. Você precisa ser cego para não ver que algo ruim está acontecendo no sistema legal”, disse ainda. A polícia já havia recomendado há mais de Mandelblit que fizessem as acusações contra o Premiê, foram baseadas em três processos conhecidos como “Caso 1000”; “Caso 2000” e “Caso 4000”, já que o “Caso 3000” era inerente a sua esposa Sara, onde ela foi condenada a pagar 55 mil shekes, equivalente a 50 mil reais, por uso indevido de dinheiro público. Agora a preocupação da procuradoria é pedir ao Parlamento Israelense a retirada da imunidade política de Netanyahu no processo que pode levar até 30 dias, o Primeiro Ministro é suspeito de aceitar indevidamente US$ 264 mil (cerca de R$ 1,1 milhão) em presentes dos magnatas Arnon MIlchan, produtor de Hollywood e cidadão israelense, e James Packer, bilionário australiano. Nesse caso, o “Caso 1000”, o premiê é acusado de fraude e quebra de confiança. No “Caso 2000”, a alegação é de que Netanyahu negociou um acordo com o proprietário do jornal diário mais vendido de Israel, o “Yedioth Ahronoth”, para obter uma melhor cobertura. Em troca, segundo a procuradoria, ele ofereceu uma legislação que retardaria o crescimento de um jornal diário rival. Ele também foi acusado de fraude e quebra de confiança neste caso. Segundo o jornal “The Jerusalem Post”, o acordo nunca foi adiante, mas a lei israelense prevê que crimes de tentativa de suborno e quebra de confiança podem ser aplicados mesmo se essas tratativas não forem adiante. Já no “Caso 4000”, a acusação ao premiê é de que ele concedeu favores regulatórios à principal empresa de telecomunicações de Israel, a Bezeq Telecom Israel, em troca da cobertura positiva dele e de sua esposa em um site de notícias controlado pelo ex-presidente da empresa. Netanyahu foi acusado de suborno, fraude e quebra de confiança também neste caso. As acusações de suborno têm uma sentença de até 10 anos de prisão e/ou multa; já a fraude e a quebra de confiança têm uma pena de prisão de até três anos. Ele rejeitou as acusações como falsas e politicamente motivadas, segundo o “The New York Times”. Segundo os juristas israelenses é improvável que haja um julgamento imediato e pode levar muitos meses até que os casos sejam levados ao tribunal, no caso de Netanyahu ele também poderia buscar um acordo judicial em vez de ser julgado. Já os aliados de Netanyahu no Parlamento israelense, o Knesset, disseram que pressionariam para lhe conceder imunidade parlamentar. Tudo isso acontece enquanto Israel não consegue formar o parlamento e agora a tendência é de que realmente venha a acontecer novas eleições no mês de março, trazendo um prejuízo enorme para o país, uma vez que todos os projetos do país estão parados e o que é pior, tudo indica que nada mudará na próxima eleição, caso ele aconteça.

 

Mário Roberto Melo – (Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv, Israel)

 

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