1 – O que o povo de Israel lutou e queria muito era, aconteceu ontem (02). O Supremo Tribunal Israelense derrubou o projeto que visava fazer uma reforma judicial que retiraria os poderes do judiciários, levando-os para o congresso, onde o Primeiro Ministro, Benjamin Netanyahu, no momento tem maioria.

A reforma era uma pretensão pessoal de Netanyahu, que buscava livrar-se de todas as acusações de corrupção que ele vem enfrentando.

A proposta da reforma judiciária de Netanyahu gerou muita comoção nacional em 20203, inclusive uma onda de protestos de civis nas ruas e nas forças armadas, que inclusive levou até a demissão do Ministro da Defesa e fez militares enviarem cartas abertas colocando em cheque suas permanências no exército, caso a reforma fosse aprovada.

A notícia da não aprovação da reforma trouxe alegria, a pelo menos mais da metade de população israelense que vive um momento extremamente conturbado, na pior guerra deste a criação do Estado de Israel.

Como se sabe, Israel é a única democracia do Oriente Médio, de acordo com o jornal Norte-Americano, The New York Times, a não aprovação da reforma pode gerar um potencial confronto entre as autoridades judiciárias superiores e a coligação no poder. Tal confronto poderá remodelar fundamentalmente a democracia israelense, colocando o poder do governo contra o judiciário.

O ministro da Justiça de Israel, Yariv Levin, acusou nessa segunda-feira (1º) a Suprema Corte de “assumir todos os poderes” depois que o tribunal invalidou uma disposição-chave da polêmica reforma judicial do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Em sua decisão, “os juízes tomam para si todos os poderes, que em um sistema democrático são distribuídos de forma equilibrada entre os Três Poderes” do Estado, escreveu Levin.

O líder da oposição, Yair Lapid, disse que a decisão “põe fim a um ano difícil de conflito que nos separou por dentro e levou ao pior desastre da nossa história”. Também disse que “a fonte do poder de Israel, a base da força israelense, é o fato de sermos um Estado judeu, democrático, liberal e cumpridor da lei”.

Lapid ainda fez críticas ao governo de Netanyahu que é visto como o mais direitista da história de Israel e que enfrenta uma forte oposição no país.

Por último, disse que tal reforma retiraria o poder do Supremo Tribunal e tribunais inferiores de Israel de cancelar decisões governamentais consideradas extremamente irracionais.

A decisão do Supremo Tribunal é mais um revés para o Primeiro Ministro, Benjamin Netanyahu, que já vem sendo criticado por não ter evitado o ataque do Hamas em 7 de outubro e por até agora não ter conseguido resgatar todos as pessoas sequestradas pelo grupo terrorista Hamas.

 

2- Duas explosões mataram nesta quarta-feira (3) 103 pessoas que caminhavam em procissão para o túmulo de Qassem Soleimani, o general iraniano morto por um ataque com drone dos Estados Unidos em 2020, no Irã. Outras 140 ficaram feridas, segundo serviços de emergência do Irã. O general teria matado mais de 150 pessoas, de acordo com a imprensa iraniana.

O grupo, segundo meios de comunicação e autoridades locais, faria uma homenagem pelos quatro anos da morte de Soleimani, ex-comandante da Guarda Revolucionária do Irã e uma das pessoas mais influentes no país quando morreu, em 3 de janeiro de 2020.

A primeira explosão, segundo o serviço de emergência de Kerman, aconteceu a cerca de 700 metros do túmulo do general iraniano. Minutos depois veio a segunda explosão, em um ponto mais afastado e perto das primeiras equipes de emergência que já haviam chegado, aumentando ainda mais o número de mortos, uma vez que as pessoas se aglomeram mais para ajudar os feridos ou retirar os cadáveres dos mortos.

Há seis meses atrás o Irã acusou a uma tentativa árabe-hebráica de prejudicar ou matar o general Soleimani. De acordo com o comandante da unidade de inteligência da guarda revolucionária iraniana da época, o assassinado foi planejado há anos e deveria ocorrer em Oshinia, um local religioso Xiita, onde são realizadas cerimônias de luto.

As duas explosões de hoje, ocorreram um dia após o assassinato no Líbano do vice-líder do Gabinete Político do Hamas, Saleh al-Arouri. Presume-se que Israel está por trás disso, ainda que nos ataques de hoje, o Irã não tenha acusado o Estado judeu.

 

 

 

 

Mário Roberto Melo – Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv, Israel

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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