Vladimir Putin pode vencer todas as batalhas e ainda sim perder a guerra. O sonho do presidente russo de restabelecer o império russo sempre se baseia na mentira de que a Ucrânia não é realmente um país, que os ucranianos não são realmente um povo e que os habitantes de Kiev, Kharkiv e Odessa estão ansiosos para entrar sobre as asas de Moscou, está é uma mentira completa.
A Ucrânia é uma nação com uma história de mais de mil anos e Kiev era um importante centro cultural e político quando Moscou nem era uma vila, mas o presidente russo já repetiu sua história tantas vezes que provavelmente acredita em si mesmo.
Ao planejar a invasão da Ucrânia, Putin deveria ter confiado em muitos fatos conhecidos, por exemplo, ele sabia que militarmente a Rússia era muito mais forte que o exército ucraniano, também sabia que a OTAN não enviaria forças para ajudar. O líder russo sabia que a dependência europeia do petróleo e do gás russo faria com que país como a Alemanha hesitar em impor sanções severas.
Putin planejava atacar a Ucrânia com rapidez e força, eliminar o atual governo e criar um governo fantoche em Kiev e depois esperar pacientemente, até que os países do Ocidente se cansassem de gritar. Mas houve um grande desaparecimento em relação a esse plano, como os norte-americanos aprenderam no Iraque e os soviéticos no Afeganistão, é muito mais fácil conquistar um país do que mantê-lo.
O presidente russo, Vladimir Putin sabia que tinha o poder de conquistar a Ucrânia, mas o povo ucraniano iria aceitar o governo fantoche que a Rússia pretendia impor? Putin apostou que sim, afinal, em 2014, os moradores da Crimeia mal se opuseram a invasão russa. Então, porque a situação em 2022 seria diferente?
A cada dia que passa, fica mais claro que a aposta de Putin está falhando. O povo ucraniano está resistindo de todo coração, conquistando a admiração do mundo inteiro.
Muitos dias sombrios ainda estão por vir. Os russos podem ainda conquistar toda a Ucrânia. Mas para vencer a guerra, a Rússia teria de controlar a Ucrânia, e ela só poderia fazer isso se os ucranianos permitisse. Isso parece cada vez menos provável de acontecer.
Cada tanque russo destruído e cada soldado russo morto aumenta a coragem dos ucranianos para resistir. E cada ucraniano morto aumenta o ódio deles pelos invasores. Ódio é a emoção mais feia. Mas, para nações oprimidas, ódio é um tesouro escondido. Incorporado no fundo do coração de um povo, este tesouro pode sustentar a resistência por gerações e gerações.
Para restabelecer o Império Russo, Putin precisa de uma vitória com pouco sangue derramado, que levará a uma ocupação com pouco ódio. Derramando mais e mais sangue ucraniano, Putin está garantindo que seu sonho nunca será realizado.
A questão mais importante foi decidida, os últimos dias mostraram ao mundo inteiro que a Ucrânia é um país real, que os ucranianos existem, de fato, e gritam ao mundo que não estão interessados em viver sob um novo império russo.
A principal questão que permanece em aberto é quanto tempo levará para que essa mensagem penetre pelas grossas paredes do Kremlin.
Mário Roberto Melo – Correspondente do Blog Ponto de Vista, em Tel Aviv, Israel