COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: PADRE EYMARD L’ERAISTRE MONTEIRO – Antonio José Ferreira de Melo

COISAS QUE EU VI, OUVI OU VIVI: COISAS DOS SONHOS E PESADELOS –

QUE É A VIDA? UM FRENESI,

QUE É A VIDA? UMA ILUSÃO,

UMA SOMBRA, UMA FICÇÃO;

O MAIOR BEM É TRISTONHO,

PORQUE TODA A VIDA É SONHO,

E OS SONHOS, SONHOS SÃO.

(A VIDA É SONHO – PEDRO CALDERÓN DE LA BARCA)

QUANDO NASCESTES, TODOS RIAM. SÓ TÚ CHORAVAS. VIVA TUA VIDA, DE TAL MANEIRA, PARA QUE, QUANDO MORRERES, TODOS CHOREM, SÓ TÚ RIAS. (CONFÚCIO).

OS MEUS SONHOS DE HOJE

Vim passar uns dias no Sítio Lagoa Velha, e ando tendo ótimos sonhos, que, para minha insatisfação, quando estão “no melhor”, eu acordo.

Os meus sonhos, de agora, são felizes. Os pesadelos, que eram reais, hoje, não tiram mais a minha felicidade.

Sonho sonhos, sem problemas, sonho com uma vida sem cobranças, sonho com coisas alegres, sonho com os meus filhos e netos, brincando como se fossem meus irmãos, constituindo-se tudo, numa felicidade só.

OS SONHOS INFANTIS

Certa vez, conversando com minhas netas, Liz e Lara, durante o transporte escolar, que adoro fazer, falamos sobre os sonhos, e elas disseram que também sonhavam.

Disseram, que acordavam na melhor parte do sonho, com a mãe chamando, pois estava na hora de se prepararem, para ir para o colégio.

Rimos, como se todos, crianças, fôssemos.

SONHOS DE TODOS NÓS

Nesse pensar, lembro de Calderón de La Barca e da sua peça teatral, “A VIDA É SONHO”, onde quer mostrar que a vida é efêmera, no sonho ou na realidade, quando nada perdura, e as ilusões, como tudo na vida, se desfazem.

Porém, prefiro o ensinamento de Confúcio, para viver bem, e poder rir no final.

O NEVOEIRO DOS SONHOS

Vendo esse nevoeiro, aqui de Monte das Gameleiras, e sentindo esse frio gostoso, começo a me lembrar:

Dos sonhos bons de sonhar.

Dos sonhos da vida.

Dos meus sonhos de vida.

Dos eternos sonhos de Liberdade.

Dos sonhos da minha Fazenda, que sonhei desde a infância, e que sumiram, por motivos bons de esquecer.

Dos sonhos da minha família, que parte Deus levou, e o restante, quase se desfez.

Dos sonhos realizados, embora, alguns, desfeitos, como aqueles que são interrompidos, ao acordar, cumprindo a sua efemeridade, como pensado, por Calderón de La Barca.

Ai penso, como seria ruim, uma vida real, mesmo duradora, porém, infeliz.

Na verdade, também penso nos sonhos sonhados com os olhos abertos, desmanchados pela infelicidade, causada ou consequente de uma escolha mal feita ou impensada.

Então, me contento pensar, que, apesar de tudo, apesar, inclusive, dos sonhos desagradáveis, que hoje, fazem parte do passado, me resta o sonho de morrer feliz, rindo, como pensava Confúcio, para aqueles que vivessem bem.

OS PESADELOS DE EXPEDITO

Estou envolto nesses pensamentos, quando Expedito me liga, perguntando logo o que eu estou fazendo e se ele está atrapalhando, com o telefonema.

E eu respondo, dizendo que não atrapalha e que eu estava, apenas, pensando sobre coisas dos sonhos.

Então ele fala que há muito tempo não sonha e até gostaria de sonhar com os números da mega-sena, mas não tem jeito.

E fala: Dotô, o Sinhô diz, qui sonhá é bom dimais, e, prá cumpretá, inda fala, qui num paga imposto. Pur quê?

Ora Expedito, quando eu falo assim, é porque eu gosto de fazer planos, mesmo difíceis de serem realizados. Daí, eu falar que são sonhos.

Mais Dotô, comu si ixprica os sonho?

Expedito, ainda no ano de 1900, um médico chamado Sigmund Freud, escreveu um livro chamado “Interpretação dos Sonhos”, onde ele diz que os sonhos são, expressões de uma área da mente humana, que é o inconsciente.

Dotô e qual é a diferença dos pesadêlo?

Olha Expedito, segundo esse médico, cuja opinião até hoje é respeitada, os pesadelos, por exemplo, são consequências de alguma coisa que lhe trouxe uma angústia e você não se livrou dela.

Dotô, póde sê uma raiva?

Veja bem. Esse assunto não é fácil, mas eu já li, que os desejos não satisfeitos e as sensações de raiva, também levam ao pesadelo.

Aí, chegô! Exclama Expedito, como se tivesse descoberto a pólvora.

Dotô, mim diga mais uma coisa. Se póde tê um pesadêlo acordado?

Expedito, tem uma coisa parecida com isso, que é a “paralisia do sono”, que ocorre, quando a pessoa vai acordando ou adormecendo, mas a mente está acordada.

Sem entender do assunto, eu até acredito, que se você mergulhar num pensamento e se afastar do mundo ao seu redor, pode até ter essa sensação, ao voltar à realidade.

Arrepare bem. Astro dia fui im Natal, prá vê as passiata de Bolsonaro, no sete de setembro. Entonces, humas amiga me chamô prá bêbê um chopp, lá no Letra A.

Quando nós tava saindu, já na carçada, eu vi uma assombração. Tinha as paricença de uma bruxa de istória di trancôso, cum us cabêlo branco e disgrenhado.

Entonce, nu meu pensá, hachei qui tava tendo um pesadêlo, mermo acordado.

Cumo num era, saímo si rindo daquéla “aparição”.

Adispôis, foi qui a fixa caiu.

Sabi o qui foi? Sabi o qui era? Sabi quem era? Sabi não? Pois era Zefa!

UMA SOLUÇÃO PENSADA

Expedito, eu vou lhe dizer uma coisa: você só se livra dela, quando ela arranjar outro.

Reze para que isso aconteça, e que Jesus tire esse “encosto” de você.

Dotô, ô Dotõ, e quem qué uma praga daquela?

Expedito. Você se lembre, do que ela costumava lhe dizer: “há sempre um sapato velho, para um pé podre”.

Você não sabe da história do cigano que conseguiu vender uma velha burra mula, que, além da orelha murcha, por conta dos carrapatos, ainda era cega?

Mas ele avisou: “se tiver defeito, tá na vista”.

Olhe meu amigo. Tem coisa, que está na vista, e a gente não vê, embora não seja sonho.

As pessoas que estão “de fora”, mostram, e a gente não vê, porque não quer ver.

Eu sei, eu sei, Dotô. Magina “aquilo”, qui tem cunversa inté, prá butá bode na chuva”.

Dotô. Vivê cum aquela praga, foi a pió coisa da minha vida.

Meu amigo. O problema, é que ela armou uma arapuca pra lhe pegar, e você, de besta, caiu. Depois, quando viu todas as bobagens que fez, ficou com raiva, de você mesmo.

Mas, esquece, homem. Esquece aquele troço.

Dotô, eu nem me alembro. Só quando a raiva vem.

Dela, eu só tenho abuso.

MANOEL TRATORISTA

Expedito. Você se lembra de Manoel tratorista?

Lembra da mulher que ele arranjou?

Tomou o pedacinho de terra e o gadinho que ele tinha, e deu um chute na bunda dele.

Num foi mermo? Dotô.

Ela feis tudo de “causo pensado”. Ingual a Zefa.

Já sabia o qui quiria tômá. Quando conseguiu, inventô uma confusão, prá ir simbora.

Pois é, Expedito. Mas, nunca é tarde para ser feliz. Depois, foi que ele viu, o quanto vivia bem, sem ela. O mesmo, que acontece com você.

É a realidade que aparece, depois que o sonho se desfaz.

A REALIDADE

Amigo, Deus existe, e protege as pessoas boas.

Você é uma boa pessoa, e Zefa é ingrata, ambiciosa, gananciosa, invejosa, egoísta, e não merece a mínima confiança. Pra nada.

Você emprestou dinheiro a ela, acreditando que ela ia lhe pagar, e ela “lhe deu um cano”. Não lhe pagou, continua com o sítio, e as casas lá em Caicó, e, mesmo sem ter direito, e nem precisar – como vingança, porque se arrependeu e você não lhe aceitou de volta – entrou na justiça, para receber uma pensão vitalícia.

Com os imóveis que tem, ela nem precisa trabalhar. É só arrendar.

Dotô du jeito qui aquilo “gême di priguiça”, num quiria mais trabalhar naquelas época, e agora, é qui num qué mermo.

As mínina da facurdade, qui conhece ela, diz qui ela só qué vivê no “dolce far niente”, cumo si diz nus italiano, sem trabaiá, inté arranjá ôtro besta.

QUEM FAZ AQUI, PAGA AQUI MESMO

Ói, Dotô. Mãe, já dizia: “quem fais aqui, paga aqui mermo”.

É verdade Expedito. Reze, pra Jesus afastar esses pensamentos ruins, vá dormir tranquilo, e fique certo de uma coisa. Essa riqueza dela, não compra felicidade, e mais, hoje, ela está desprezada pelo povo daí.

E num é mermo? Uma amiga mim disse, qui astro dia, num baile, cem pidí lisença, ela sentô na mesa deça minha amiga, a noite todinha, e tirô as graça da festa.

Pois é. Enquanto isso, você é bem recebido onde chega, tem suas amigas, vai para os forrós, brinca até não querer mais, e hoje, vive feliz, sem ter quem lhe aporrinhe ou lhe faça traição.

É verdade, Dotô. Graças ao meu bom Deus.

A DESPEDIDA

Dotô, foi bom nois cunversá. Num vô mais sonhá e nêm tê pesadelo cum aquéla “alma penada”.

E qué sabê di uma coisa?

Vô é tomá um lapada di Cachaça Extrema, qui tá lá na friza, bem friinha.

Inté ôtra veis, Dotô.

Como Expedito não desliga o celular, ainda escuto ele gritando para a vizinha: Naninha, ou Naninha, já vortou da ginasta?

Vâmo tomá uma lapadinha de Extrema, prá istirar os ispinhaço!

E, rindo, fala pra ele mesmo: Mais, qui pesadêlo, qui nada!!!

Kkkkk.

E eu penso comigo mesmo: realmente, “A “VIDA É SONHO”, MAS TAMBÉM, TEM SEUS “PESADELOS”.

 

 

 

 

 

Antonio José Ferreira de Melo – Economista, [email protected]

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *